Presidente da República alerta para facto de haver "muitíssimo por fazer" em Pedrógão

Marcelo Rebelo de Sousa esteve na praia fluvial do Mosteiro.

Foto
LUSA/PAULO NOVAIS

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, afirmou nesta quarta-feira que ainda há "muitíssimo por fazer" na região afectada pelo grande incêndio de Pedrógão Grande, que ocorreu em Junho de 2017.

"Falta muitíssimo por fazer. O mais importante ainda está por fazer", afirmou o chefe de Estado, considerando que o mais importante para esta região "é trazer gente, trazer actividade económica e manter actividade social aqui".

Marcelo Rebelo de Sousa falava aos jornalistas depois de um banho nas águas frias da praia fluvial do Mosteiro, no concelho de Pedrógão Grande, uma localidade também ela afectada pelo grande incêndio de 2017.

O Presidente da República salientou que é importante fixar jovens, mas também "menos novos" em idade de reforma, nestes territórios, e referiu que essa fixação pode ser fundamental, sobretudo "nos interiores mais despovoados".

"É muito importante que haja gente nova e menos nova e que venham para cá e que tenham condições de viver cá e de trabalhar cá", disse, tendo realçado que tal significa medidas de incentivo à fixação de novas actividades económicas e à "não saída de actividades sociais", "algumas delas estão anunciadas e estão previstas" para os próximos tempos.

Na visita à praia fluvial do Mosteiro, voltou a encontrar uma família de fora da região - neste caso, de Vagos - e reafirmou que "está a surtir efeito a ideia" das pessoas fazerem as suas férias nas zonas afectadas pelos incêndios.

Na ida para Mosteiro, a partir da Pampilhosa da Serra, Marcelo Rebelo de Sousa disse aos jornalistas que optou por fazer um trajecto mais longo, em que se conseguiu aperceber do "grau de destruição" em Pedrógão Grande.

"O grau de recuperação é lento. Assistimos a obras, nomeadamente nas bermas, mas assistimos, por exemplo, a postes de iluminação que ainda não estão reparados", contou, encontrando como explicação para a lentidão na reconstrução o despovoamento.

O facto de não haver pessoas "explica largamente também o porquê de demorar tanto tempo a haver esta regeneração", constatou.

Marcelo Rebelo de Sousa afirmou ainda que insistiu muito para não estar com os autarcas da região para poder fazer as suas voltas durante estes três dias de férias pela zona, como fez hoje.

"Posso parar, posso alterar, posso improvisar. Por exemplo, agora, apetece-me improvisar o roteiro", disse, antes de partir de Mosteiro e, em vez de ir logo para Figueiró dos Vinhos, voltou a percorrer estradas municipais de Pedrógão Grande, tendo passado de carro por Vila Facaia e Nodeirinho, duas povoações muito afectadas pelo incêndio, assim como pela sede da Associação de Vítimas do Incêndio de Pedrógão Grande (AVIPG).

O Presidente da República enalteceu tembém o consenso que existe no país para o reforço de medidas de apoio ao interior, depois de três dias de férias nos concelhos afectados pelo incêndio de Pedrógão Grande.

"O Governo está perfeitamente atento e penso que há um consenso nacional para os próximos anos e já no Orçamento do Estado para o ano que vem, quanto a um reforço das medidas para o chamado interior - são vários interiores - e isso é positivo", considerou Marcelo Rebelo de Sousa.

O Presidente da República fez um "balanço positivo" dos três dias que passou na região, mas voltou a notar que "há muita coisa por fazer".

Após um último banho na praia fluvial de Ana de Aviz, em Figueiró dos Vinhos, Marcelo Rebelo de Sousa não evitou uma comparação entre o território afectado pelo grande incêndio de Junho de 2017 e a zona atingida pelos incêndios de Outubro, que visitou, também em férias, no início do mês.

"São duas áreas bastante diferentes. É mais vasta a primeira, tem condições de arranque e desenvolvimento, apesar de tudo, mais favoráveis do que esta. Tem mais indústria, mais comércio, agricultura ligada à indústria e núcleos populacionais mais densos", constatou.

Face a essas características dos concelhos do norte da região Centro que visitou no início do mês e que foram afectados pelos fogos de 15 de Outubro de 2017, o chefe de Estado encontrou aí uma "capacidade de recuperação e regeneração muito rápida".

"Aqui [na zona afectada pelo fogo de Pedrógão Grande], encontrei o mesmo estado de espírito de luta e de construção de futuro, mas encontrei naturalmente aquilo que já sabia que ia encontrar, que são mais necessidades. Apesar de a área ser mais pequena - muito mais pequena -, tem mais carências, mais necessidades em termos do planeamento e reordenamento florestal e também no sentido de maior fixação de população e de mais actividade económica e mais atividade social", disse.

Marcelo Rebelo de Sousa aproveitou o fim dos três dias de visita para uma espécie de diagnóstico aos concelhos que visitou, estando eles em diferentes momentos de reconstrução.

Penela e Pampilhosa da Serra pareceram-lhe estar bem e "com dinâmica boa", apesar de problemas a médio prazo "na reflorestação" e em Castanheira de Pera, acabou por ser surpreendido pelo complexo de ondas artificiais da Praia das Rocas.

"Foi surpreendente, para mim, na Praia das Rocas, o turismo que veio de fora, e como num local de tragédia, estavam lado a lado a memória do passado recente e um país inteiro a querer apoiar e a estar presente. Isso foi muito gratificante", salientou.

Em Figueiró dos Vinhos, encontrou dinamismo e em Pedrógão Grande observou ainda as marcas do incêndio, mas também sinais de reconstrução, deixando novamente uma mensagem de apelo para que todas as alegadas irregularidades relativamente à reconstrução das casas de primeira habitação sejam apuradas, para que se mantenha firme a solidariedade dos portugueses em situações futuras.

No final da visita, Marcelo Rebelo de Sousa fez questão de frisar que não se esqueceu de outros concelhos afectados pelos incêndios de 2017 que ainda não conseguiu visitar, mas que espera fazê-lo num futuro próximo, apontando para os casos de Mação e de Castelo de Paiva.
 

Sugerir correcção
Comentar