Marretas para maiores de 18 anos

Pela Hora da Morte quer ser um 48 Horas com marionetas, mas apesar da sua singularidade, desbarata os trunfos que ainda tem.

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Até que enfim, um filme americano que não quer ser apenas mais do mesmo; ou antes, um filme americano que quer ser mais do mesmo, mas com Marretas. Confusos? Nós explicamos. 

Pela Hora da Morte quer ser um 48 Horas ou uma Arma Mortífera em versão Roger Rabbit, com marionetas a contracenar com humanos – e não são marionetas quaisquer, são os bonecos de feltro de que Jim Henson teve o segredo durante décadas. Não por acaso, é o seu filho, Brian Henson, que está por trás desta tentativa de fazer um filme dos Marretas que não é dirigido aos miúdos mas sim aos pais (e, sobretudo, aos espectadores com maiores de 18 anos). Claro que os bonecos que aqui vemos não são os Marretas propriamente ditos – que são propriedade da Disney – mas é impossível ver o filme sem nos lembrarmos deles e, sobretudo, sem reconhecer a espaços o humor muito peculiar que eles mostravam ter (estamos a pensar na cena da praia, com o caranguejo e o javali, ou na ideia do açúcar como droga dura).

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Cruzando então os bonecos de feltro com um elenco de comediantes com provas dadas como Melissa McCarthy (também co-produtora do filme), Joel McHale, Maya Rudolph ou Elizabeth Banks, Pela Hora da Morte é uma inegável proeza técnica cuja premissa – um mundo onde os humanos e as marionetas coexistem normalmente – é concretizada na perfeição. O que falta, depois, é acertar no tom, e aí Henson passa o tempo a dar tiros ao lado. Ora a coisa cai no excesso juvenil do palavrão (e a legendagem portuguesa ainda o piora) e da brejeirice erótica, com a suposta transgressão a tornar-se muito rapidamente cansativa; ora quer ser uma homenagem sentida a um tipo de filmes que teve o seu auge na década de 1980 (as séries Arma Mortífera ou Beverly Hills Cop, Dois Polícias à Solta…), mas não tem tensão nem invenção cómica que a sustentem. Ficamos com um objecto curiosamente intrigante mas singularmente falhado que, a espaços, deixa entrever o que poderia ter sido com um pouco mais de contenção e bastante menos vale-tudo.

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