Nyusi anuncia acordo para integração de forças da Renamo no exército

Pormenores do memorando de entendimento só devem ser revelados nos próximos dias.

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O encontro da Gorongosa aconteceu há um ano GABINETE DE IMPRENSA DO PRESIDENTE DE MOÇAMBIQUE / LUSA

O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, anunciou a assinatura de um memorando de entendimento entre o Governo e a Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) sobre a desmilitarização e a integração das forças do principal partido de oposição no exército.

“O memorando indica de forma clara o roteiro sobre os assuntos militares, os passos subsequentes e determinantes para o alcance de uma paz efectiva e duradoura no que tange ao desarmamento, desmobilização e integração do braço armado da Renamo”, anunciou Filipe Nyusi, numa declaração à nação na Presidência da República.

No entanto, o chefe de Estado moçambicano não avançou detalhes sobre o conteúdo do documento. Garantiu apenas que se trata de um instrumento “determinante” nas negociações de paz iniciadas há um ano com o falecido líder da Renamo, Afonso Dhlakama, que morreu a 3 de Maio, devido a complicações da diabetes.

"Com este acontecimento, saudamos a liderança da Renamo, coordenada por Ossufo Momade, que mesmo com o desaparecimento físico do seu líder não parou com as negociações", observou Filipe Nyusi.

O Presidente moçambicano disse ainda que dentro de dias serão anunciados os passos subsequentes no processo, mas também sem avançar detalhes.

"Gostaríamos de exortar a todos os moçambicanos a juntarem-se aos nossos esforços, mobilizando a sua inteligência e capacidade para acarinhar este processo, que nos permitirá construir um Moçambique brilhante", afirmou Filipe Nyusi.

O actual processo negocial entre o Governo moçambicano e a Renamo arrancou há um ano, quando Filipe Nyusi se deslocou à Gorongosa, no centro de Moçambique, para uma reunião com falecido líder da Renamo, a 6 de agosto de 2017.

Além do desarmamento e integração dos homens do braço armado do maior partido de oposição nas forças armadas, a agenda negocial entre as duas partes envolvia também a descentralização do poder, ponto que já foi ultrapassado com a uma revisão da Constituição em Julho.

Entre as alterações de fundo introduzidas pela revisão constitucional aprovada pelo Parlamento moçambicano destaca-se a eleição de governadores provinciais e administradores distritais, até agora nomeados pelo poder central.

Moçambique assistiu, entre 2015 e 2016, uma escalada nos conflitos militares entre as forças governamentais e o braço armado da Renamo, que não aceita os resultados eleitorais de 2014, acusando a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), partido no poder, de fraude.

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