Familiares de vítimas dos incêndios processam autoridades

Um homem e uma mulher morreram ao tentar fugir das chamas e os seus familiares queixam-se de nunca terem recebido instruções sobre como escapar.

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Vigília pelas vítimas dos incêndios em frente ao Parlamento, na praça Syntagma, em Atenas ALEXANDROS BELTES/EPA

Familiares de uma mulher e de um homem mortos nos incêndios que deflagraram na semana passada nos arredores de Atenas decidiram processar o Estado helénico, os bombeiros e a polícia, disse uma fonte judicial esta quarta-feira.

As autoridades podem agora ser acusadas de homicídio involuntário, ofensas corporais e fogo posto na “catástrofe bíblica” de Julho, como classificou o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras.

As duas vítimas estavam a tentar fugir quando foram apanhadas pelas chamas, tendo os seus corpos sido encontrados a 400 metros das respectivas casas. Os familiares dizem que em nenhuma altura, antes ou depois do fogo, houve indicações por parte das autoridades em relação a rotas de fuga seguras.

À margem destes processos, o Supremo Tribunal grego está ainda a investigar a causa dos incêndios em que morreram pelo menos 91 pessoas, e que afectaram sobretudo a localidade de Mati. Foram os piores incêndios no país desde que são mantidos registos. Especialistas apontam o dedo a décadas de construções ilegais, falta de planeamento e a ausência de planos de evacuação

Aproveitamento político?

Fora dos tribunais, oposição e Governo trocaram farpas sobre a gestão da catástrofe de Julho. Tsipras acusa a oposição de explorar a tragédia, e a oposição, por seu turno, sugeriu a demissão do primeiro-ministro.

Kyriakos Mitsotakis, líder do partido conservador Nova Democracia, a principal força da oposição, que neste momento está à frente nas sondagens, declarou: “Não percebo como é que algumas pessoas podem dormir à noite e continuar a exercer as suas funções”.

“Quando alguém assume responsabilidade política por algo, isso deve ter como consequência uma acção, e a demissão é uma acção de responsabilidade política”, disse Mitsotakis — embora não se tenha referido directamente a Tsipras, a declaração foi vista como uma sugestão que o primeiro-ministro se demitisse, já que Tsipras declarou que assumia a responsabilidade política.

Já o gabinete de Tsipras acusou a oposição de “tentativa de aproveitamento da dor e perda de dezenas de cidadãos”. “Vidas humanas não podem tornar-se um objecto de exploração política”, disse o comunicado do gabinete de Tsipras.

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