Imran Khan clama vitória no Paquistão e oposição contesta as eleições

Resultados finais são anunciados à noite. Khan rejeitou as acusações de fraude e descreveu as eleições como “as mais justas que o Paquistão alguma vez teve”

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Imran Khan reclamou vitória nas eleições desta semana Reuters/REUTERS TV

A ex-estrela de críquete e líder do Movimento pela Justiça do Paquistão (TPI), Imran Khan, reivindicou a vitória nas eleições legislativas, apesar da contestação dos seus adversários.

Ainda não foram revelados os resultados oficiais das eleições que decorreram na quarta-feira, mas uma contagem parcial aponta para uma vitória do TPI de Khan. Os resultados finais são esperados esta noite.

As eleições ficaram marcadas por episódios de violência, com destaque para um atentado suicida no Baluchistão que matou mais de 30 pessoas reivindicado pelo Daesh.

“Fomos bem-sucedidos e deram-nos um mandato”, afirmou Khan, durante uma declaração televisiva. “Deus deu-me a hipótese de chegar ao poder para pôr em prática a ideologia que iniciei há 22 anos”, acrescentou o antigo jogador de críquete que, nos últimos anos, se tornou no rosto mais revelante da oposição à Liga Muçulmana, liderada pela família Sharif.

Os adversários de Khan apressaram-se a pôr em causa a validade dos resultados que apontam para a vitória histórica do TPI – com cerca de metade dos votos contados, o partido de Khan já assegurou 120 dos 272 lugares no Parlamento, de acordo com o jornal em língua inglesa Dawn. Para alcançar a maioria e governar sozinho, o TPI necessita de eleger pelo menos 137 deputados.

A Liga Muçulmana contestou os resultados, bem como vários outros partidos mais pequenos, falando em manipulação e fraude eleitoral.

“A forma ultrajante como o mandato popular foi insultado é intolerável”, afirmou o líder da Liga Muçulmana, Shehbaz Sharif, irmão do ex-primeiro-ministro Nawaz Sharif, que foi deposto do cargo e condenado a dez anos de prisão por corrupção .

Os atrasos na divulgação dos resultados finais têm aumentado a especulação de que poderá ter havido alguma tentativa de interferência. Na manhã desta quinta-feira, o secretário da Comissão Eleitoral, Babar Yaqoob, convocou uma conferência de imprensa para justificar o adiamento com uma falha técnica do sistema electrónico de contabilização dos votos. “Não há qualquer conspiração, nem nenhuma pressão para que os resultados sejam atrasados”, garantiu o responsável, citado pela Reuters.

Khan rejeitou todas as acusações de fraude e descreveu as eleições desta semana como “as mais justas que o Paquistão alguma vez teve”. As suas promessas de lutar contra a corrupção tiveram forte apoio, sobretudo entre os eleitores mais jovens que compõem a maioria da população.

A oposição acusa as Forças Armadas, uma das instituições mais poderosas no Paquistão, de terem interferido para beneficiar o ex-capitão da selecção de críquete, que se tornou uma celebridade depois de ter conduzido o país à vitória no campeonato mundial em 1992.

Atrás da Liga Muçulmana ficou o Partido Popular, ao qual pertenceu a antiga primeira-ministra Benazir Bhutto, assassinada em 2007, e cujo filho, Bilawal, era o candidato a primeiro-ministro.

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