Farmacêutica acusa prisão dos EUA de querer executar recluso com substância obtida ilegalmente

Prisão do Nevada vai usar cocktail nunca antes testado. Organização de defesa de direitos cívicos defende que reclusos não podem ser cobaias.

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É a primeira execução em 12 anos no Nevada Reuters/RICHARD CARSON

A empresa farmacêutica norte-americana Alvogen está a tentar impedir que uma prisão no Nevada, EUA, use um dos seus fármacos para executar um recluso com uma injecção letal nesta quarta-feira – e acusa o estado de ter conseguido a substância de forma ilegal.

A Alvogen, Inc. apresentou uma queixa na terça-feira para que não seja utilizado o seu sedativo midazolam no cocktail letal de três fármacos (nunca antes testado), referindo que, além de ter sido adquirido de forma ilegal, o seu uso “causará danos irreparáveis” à reputação da farmacêutica. Um juiz federal vai analisar a queixa horas antes da execução de Dozier, que está agendada para as 20h locais desta quarta-feira (4h da manhã desta quinta-feira, em Lisboa). A Alvogen diz ainda que “se opõe veemente ao uso dos seus produtos em penas de morte”.

O sedativo em causa é usado para deixar o recluso inconsciente, entrando depois em acção (de forma letal) o opiáceo sintético fentanil e o paralisador neuromuscular cisatracúrio.

O facto de ser a primeira vez que esta combinação de fármacos é utilizada também está a causar agitação: “O Nevada não deve usar reclusos como cobaias para fazer execuções experimentais”, argumentou no Twitter a organização de defesa dos direitos cívicos norte-americana, ACLU (American Civil Liberties Union).

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O recluso que vai ser executado, Scott Dozier REUTERS

O estabelecimento prisional fica na cidade de Ely, a cerca de 400 quilómetros de Las Vegas. Esta é a primeira execução em 12 anos no Nevada, na zona oeste do país, e a 13.ª desde 1976.

O condenado à morte é Scott Dozier, de 47 anos. Foi condenado em 2005 pelo homicídio de Jasen Green e em 2007 pelo homicídio de Jeremiah Miller, que foi assaltado e alvejado em 2002. Segundo a Reuters, Dozier não quis que a sua sentença fosse revista. “A vida na prisão não é vida. Isto não é viver. É só sobreviver”, disse o recluso ao Las Vegas Review-Journal. “Se dizem que me vão matar, então que o façam.”

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