Bloco e PCP desvalorizam ameaça de demissão de Costa

Bloquistas e comunistas não cedem e lembram que o Governo e o Orçamento é que depende dos parceiros da esquerda.

Foto
Catarina Martins LUSA/MANUEL FERNANDO ARAUJO

Se António Costa queria pressionar o Bloco de Esquerda e o PCP ao dizer que se demite, se o orçamento para 2019 não for aprovado, a chantagem caiu em saco roto. Os dois partidos preferiram desvalorizar as declarações do primeiro-ministro e, falando para o seu eleitorado, mantiveram eles a sua pressão: o voto dos dois partidos dependerá da análise que fizerem do documento e do nível de cumprimento dos acordos que assinaram no final de 2015, que permitiram ao Governo socialista assumir funções.

A única diferença neste momento é que, se BE e PCP estão a repetir o que têm dito desde o início de 2016, nunca tinha sido o primeiro-ministro a esticar a corda. A coordenadora do Bloco relativizou a questão no sábado, considerando que António Costa foi “correcto” na análise que fez e “limitou-se a constatar um facto” – o de o Governo ter que cair, se não conseguir aprovar o orçamento. Catarina Martins considerou que está a haver um empolamento sobre o que o primeiro-ministro realmente afirmou. E aproveitou para defender que há ainda questões por concretizar das posições políticas conjuntas que assinaram em 2015, pelo que o Bloco espera que elas sejam incluídas no próximo orçamento e até que se vá um pouco além aproveitando o crescimento económico.

Jerónimo de Sousa insiste na ideia de que o PCP não passa cheques em branco. E encolhe os ombros ao que chama “comentários e vaticínios” do primeiro-ministro e do Presidente da República. Demarcando-se dos socialistas, como vem fazendo há dois anos, lembra que o orçamento é da responsabilidade do Governo e que “não há nenhuma maioria parlamentar nem nenhum acordo que garanta em abstracto a sua aprovação”, já que os acordos que assinaram apenas prevêem o “exame comum” de matérias convergentes que possam ser incluídas no orçamento.

O líder comunista fez questão de insistir na ideia de que há um executivo “minoritário”, vincando assim, de forma indirecta, que quem está num plano superior de exigência são o PCP e o Bloco de Esquerda, e não António Costa.

Sugerir correcção
Ler 6 comentários