Cerca de 500 escolas encerradas devido a greve

Arménio Carlos acusa o Governo de ser "tio Patinhas" com os funcionários não docentes. Em todo o país muitos estabelecimentos não abriram, ou estão "a meio-gás".

Aviso de greve na entrada da Escola Básica e Secundária Passos Manuel , em Lisboa
Fotogaleria
Aviso de greve na entrada da Escola Básica e Secundária Passos Manuel , em Lisboa MARIO CRUZ/LUSA
Fotogaleria
MARIO CRUZ/LUSA

Cerca de 500 escolas estão encerradas nesta sexta-feira devido à greve dos trabalhadores não docentes, segundo um balanço de sindicatos que representam estes profissionais. Falam de uma adesão entre 80% e 85%.

O balanço foi feito ao final da manhã por Artur Sequeira, da Federação Nacional dos Sindicatos de Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais, que lembrou os principais motivos do protesto: baixos salários, precariedade ou a falta de funcionários nas escolas.

Numa conferência de imprensa realizada à porta da Escola Secundária Vergílio Ferreira, em Lisboa, esteve também o secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos, que acusou o Governo de ser "tio Patinhas" na forma como está a olhar para as escolas que têm carência de funcionários.

Junto a cerca de dezena e meia de funcionários que se concentraram à porta da escola, Arménio Carlos sublinhou que os assistentes operacionais "estão a lutar pela estabilidade do seu emprego", mas também a lutar para evitar "problemas graves do ponto de vista de segurança dos alunos".

"O Governo não pode ser tão tio Patinhas a fazer corte atrás de corte", criticou Arménio Carlos.

Um dos afectados pelo protesto foi o Agrupamento de Escolas Eugénio de Castro, em Coimbra. A sua sede encerrou já que apenas três de 12 funcionários se apresentaram ao serviço, afirmou o director. "Vai [encerrar] o dia todo, não temos condições que permitam a segurança da escola. Neste momento deviam estar ao serviço 12 funcionários, entraram apenas três", disse à Lusa António Couceiro.

Já a Escola Básica de Santiago Maior, em Beja, esteve a funcionar "a meio-gás". A poucos minutos do início das primeiras aulas da manhã, o portão de acesso ao edifício dos 2.º e 3.º ciclos do ensino básico já estava aberto e uma funcionária informava pais e alunos que, apesar de ser dia de greve, ia haver aulas. "Estou surpreendido, porque esta escola costuma fechar em dias de greve [de pessoal não docente] e os meus filhos pensavam que iria fechar, mas está aberta", contava Ismael Pereira, cujos filhos, do 5.º e 8.º anos, ficaram "aborrecidos", por verem gorada a perspectiva de um dia sem aulas.

Em Castelo Branco, o cenário era diferente. "As escolas Cidade de Castelo Branco, Faria de Vasconcelos, Afonso de Paiva e João Roiz estão sem actividades lectivas desde as 8h devido à falta de pessoal não docente e a Escola Secundária Nuno Álvares, que abriu com meia dúzia de trabalhadores, vai encerrar ao meio-dia por falta de condições de segurança", afirmou Cristina Hipólito, do Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais do Sul e Regiões Autónomas (STFPSSRA).

No Fundão, a Escola Secundária e a João Franco estão encerradas e o mesmo acontece na Covilhã, com a Pero da Covilhã, Palmeiras e Escola Profissional Agrícola da Lageosa. E no distrito de Santarém a contabilidade dos sindicatos aponta para meia centena de escolas fechadas.

A greve é convocada por estruturas sindicais afectas às duas centrais sindicais, CGTP e UGT.

Oito em cada dez directores escolares queixam-se da falta de assistentes operacionais, segundo um inquérito, realizado no mês passado. O trabalho, realizado pelo blogue Comregras em parceria com a Associação Nacional de Directores de Agrupamentos e Escolas Públicas (Andaep), revelou também que quase metade destes funcionários tem mais de 50 anos e apenas 1% ganham mais de 650 euros.

Sugerir correcção
Comentar