Organização independente “confirma” resultados sobre ataque contra Skripal

Análises da Organização para a Proibição das Armas Químicas mostram que o veneno usado tem “elevado grau de pureza”, o que sugere o envolvimento de um Estado.

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No ataque ficaram feridas com gravidade três pessoas Reuters/HENRY NICHOLLS

As análises independentes feitas nos laboratórios da Organização para a Proibição das Armas Químicas confirmaram que o veneno usado para atacar o antigo espião Serguei Skripal, no Reino Unido, faz parte do Novichok, um grupo de venenos criado na União Soviética nas décadas de 1970 e 1980.

A organização não tinha como tarefa determinar os responsáveis pelo ataque, mas, ainda assim, diz que a substância em causa tem "um alto grau de pureza" – o que não desmente a acusação britânica de que a operação contou com a participação de um Estado. 

O ataque ocorreu no dia 4 de Março, na cidade britânica de Salisbury. Serguei Skripal e a sua filha, Iulia, foram internados num hospital depois de terem sido expostos ao gás neurotóxico, num ataque que também acabou por causar ferimentos graves a um polícia britânico.

Iulia Skripal já saiu do hospital e Serguei Skripal continua a recuperar no Hospital de Salisbury, apesar de ainda se encontrar em estado grave.

O Governo do Reino Unido acusa a Rússia de ser o mandante e executor do ataque, uma acusação que deu início a uma onda de expulsões de diplomatas por parte de aliados britânicos e de retaliações na mesma moeda por Moscovo.

A Rússia desmente essa acusação e sugere que o gás em causa pode ter saído das instalações do laboratório militar de Porton Down, perto de Salisbury. "Não há nenhuma hipótese de que algo como aquilo possa ter saído daqui", disse, no início do mês, um responsável desse laboratório britânico. Na mesma ocasião, Gary Aitkenhead disse que foram usados "métodos extremamente sofisticados" para produzir o tipo de gás usado no ataque, "uma capacidade que só está ao alcance de um Estado".

Num comunicado publicado esta quinta-feira, a Organização para a Proibição das Armas Químicas diz que os resultados das análises às amostras ambientais e biomédicas "confirmam os resultados do Reino Unido em relação à identidade do produto químico tóxico que foi usado em Salisbury e que feriu com gravidade três pessoas".

Na semana passada, o embaixador da Rússia em Londres, Alexander Iakovenko, acusou a Organização para a Proibição das Armas Químicas de falta de transparência.

"Quanto aos resultados, é claro que aceitaremos os resultados. Mas esses resultados devem ser confirmados pela comunidade internacional. Queremos saber quem são os especialistas. Até agora, não sabemos quem são os especialistas. Da última vez, a equipa era liderada pelos britânicos, na Síria. Isso foi um problema para nós. Precisamos de uma equipa internacional", disse o embaixador.

Um dia antes da conferência de imprensa do embaixador russo em Londres, a Organização para a Protecção das Armas Químicas rejeitou, com 15 votos contra e seis a favor, uma proposta da Rússia para criar uma equipa conjunta russa e britânica. Nessa votação abstiveram-se 17 países, o que levou o embaixador russo a dizer que "a maioria dos países" não está do lado do Reino Unido.

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