Apoio à candidatura nacional de André Neves gera demissões na JSD-Porto

Cinco elementos da comissão política e um suplente bateram com a porta. Presidente da estrutura desvaloriza demissões e responde que a “comissão política é livre de decidir a quem dá o seu apoio”

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JSD vai escolher um novo líder Adriano Miranda

Na semana em que os jovens sociais-democratas se preparam para eleger um novo líder, que vai suceder a Simão Ribeiro, a comissão política concelhia da JSD do Porto assiste à saída de cinco dos seus elementos efectivos e mais um suplente.

E o que motivou a saída destes seis elementos da JSD-Porto? A líder da comissão política concelhia, Rosina Pereira, queria que a estrutura manifestasse o apoio a André Neves, que está na corrida à liderança da JSD, tal como Margarida Balseiro Lopes. Um deles será eleito no fim-de-semana o novo presidente da Juventude Social-Democrata no Congresso Nacional, marcado para a Póvoa de Varzim. Mas houve quem discordasse, dizendo que a JSD-Porto se deveria manter equidistante do processo eleitoral. Rosina não gostou.

Rodrigo Passos, até agora secretário da concelhia da JSD-Porto, foi o primeiro a bater com a porta. No domingo, no final de uma reunião da estrutura, anunciou a sua demissão. Ao PÚBLICO, Rodrigo Passos passa a mensagem de que a sua saída tem a ver com divergências internas, concretamente com a líder da comissão política concelhia Rosina Pereira. “Demiti-me por razões pessoais. Cheguei a um ponto de ruptura e entendi que o melhor era sair por entender que o projecto político que a JSD tem é muito válido”, declarou.

Apesar de ter apoiado Rosina Pereira desde a primeira hora para a liderança da JSD-Porto, Rodrigo Passos assume que se “atingiu um acumular de situações que se começaram a manifestar desde o início do mandato” e que são insuperáveis. “A minha saída até pode ser benéfica para a estrutura”, afirma, numa tentativa de esvaziar qualquer ligação entre a sua saída e o apoio da JSD-Porto a uma candidatura nacional, neste caso a André Neves, que apoiou Rui Rio nas eleições directas para a escolha do líder do partido.

Em declarações ao PÚBLICO, Rosina Pereira vai directa ao assunto, afirmando que a “comissão política é livre de decidir a quem dá o seu apoio”. E faz mesmo questão de dizer que “a maioria da comissão política estava disponível para apoiar André Neves”, que esta terça-feira à noite participou numa sessão com jovens sociais-democratas, no Porto, onde apresentou a sua candidatura à liderança da JSD.

A dirigente mostra-se surpreendida com a saída de vários elementos da sua comissão política e aproveita a ocasião para deixar um recado: “Quero acreditar que não foi uma manipulação de órgãos superiores da JSD. Já no anterior mandato houve bastantes interferências por parte de órgãos superiores”.

Afirmando que a comissão política da JSD-Porto “está viva e em funções”, a presidente promete debater internamente a demissão dos até agora dos dirigentes da JSD o num plenário que será convocado para o efeito.

A terminar, Rosina Pereira nega que tenha abandonado uma das últimas reuniões da comissão política da JSD e que tenha dito aos seus opositores para convocarem eleições porque estava de saída da liderança. A isto responde: “Sou contra a intriga política, nunca fui a favor de jogos internos e não é agora que vou passar a sê-lo”.

Rodrigo Passos arrastou consigo mais quatro elementos da comissão política concelhia entre os quais o seu vice-presidente e três vogais. Para além destas demissões, também Rafael Augusto, suplente da comissão política, bateu com a porta. As demissões aconteceram entre domingo à noite e segunda-feira.

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