Assunção Cristas quer manter a cultura na agenda

Líder do CDS-PP vai fazer ronda pelos agentes culturais nas próximas semanas.

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Martin Henrik

A cultura é, tradicionalmente, uma bandeira da esquerda e um campo onde a direita quase não entra. A polémica em torno dos apoios financeiros às artes veio dar a oportunidade à líder do CDS-PP para colocar o tema na agenda do partido.

Nas próximas semanas, Assunção Cristas vai fazer uma ronda por vários agentes culturais, do teatro, cinema e museus, para perceber o que se passou com o concurso de atribuição dos apoios financeiros. “Parece que o problema não são apenas as regras, mas a sua aplicação. Uma coisa é unânime: isto falhou”, afirmou ao PÚBLICO a líder do CDS. A bancada já tem em preparação iniciativas legislativas sobre o assunto, falta perceber como é que se vão concretizar as alterações anunciadas pelo Governo e que permitirão repescar algumas companhias que tinham ficado de fora na lista provisória do concurso. 

Para Assunção Cristas esta é a oportunidade para o CDS mostrar que tem trabalho nesta área que, como reconhece, é “muito cultivada pela esquerda – e até por António Costa quando era presidente da Câmara de Lisboa -  e onde a direita está quase proibida de entrar”. A líder centrista admite não que esperava “erros” nesta área, apesar de já existirem “sinais” de que o Governo “vivia mais da fama do que do proveito”.

Lembrando que foi um centrista, o ex-líder Francisco Lucas Pires, a ter a primeira pasta da Cultura no Governo AD, Assunção Cristas acredita que o CDS pode “ir mais longe” nesta área. Até porque Pedro Mexia, escritor e e assessor para os assuntos culturais do Presidente da República, faz parte do grupo de trabalho que está a preparar o programa eleitoral do partido para as próximas legislativas.

Para já, o Governo abriu espaço para ir ao encontro dos agentes culturais. Até porque, considera líder centrista, nunca se viu “tamanha sublevação” no sector. A primeira reunião com agentes culturais já aconteceu na passada sexta-feira com Carlos Avillez, director do Teatro Experimental de Cascais, uma das companhias que é dada como repescada pelo Ministério da Cultura para receber apoio. Assunção Cristas diz já ter percebido que a questão não se coloca apenas em relação à verba – que o Governo entretanto reforçou com mais 2,2 milhões de euros –, mas também quanto à aplicação dos critérios que “não se compreende”. É por isso que a líder do CDS rebate um dos argumentos dados pelo primeiro-ministro, no debate quinzenal da passada quinta-feira, quando afirmou que as regras eram conhecidas de todos e que ninguém reclamou. “O problema é que isto tem a ver com a aplicação das regras por parte do júri”, afirma, defendendo, no entanto, que o concurso não pode ser impugnado nesta altura, já que deixaria as companhias sem apoio. Cristas nota que a confusão foi tal que “há capitais de distrito sem companhias de teatro”.

Depois da contestação pública por parte da comunidade artística, o Governo anunciou que o Programa de Apoio Sustentado 2018-2021 da Direcção Geral das Artes, vai contemplar mais 43 candidaturas face às 140 iniciais, beneficiando do reforço de verba anunciado pelo primeiro-ministro.

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