Movimento de alunos de Évora recusa nova votação para referendo sobre garraiada

A presidente da Associação Académica da Universidade de Évora disse à Lusa que tinha ficado decidido em assembleia magna que "o referendo não irá ser realizado", pelo que o espectáculo tauromáquico irá permanecer no programa da Queima das Fitas.

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Bruno Simoes Castanheira (colaborador)

Um movimento de estudantes da Universidade de Évora (UÉ) recusa a necessidade de uma assembleia magna para votar, novamente, a realização de um referendo sobre a garraiada na Queima das Fitas, alegando que "a decisão está tomada".

"A decisão está tomada e não faz sentido haver uma assembleia magna extraordinária, muito menos movida por um partido político", afirmou na sexta-feira à agência Lusa Afonso Melara, porta-voz do recém-criado movimento "Estudantes por Évora" e aluno de turismo.

Na assembleia magna de terça-feira à noite, que se prolongou pela madrugada de quarta-feira foram registados "124 votos contra o referendo e 117 a favor", segundo a presidente da Associação Académica da Universidade de Évora (AAUE), Ana Rita Silva.

A dirigente estudantil disse à Lusa que tinha ficado decidido em assembleia magna que "o referendo não irá ser realizado", pelo que o espectáculo tauromáquico irá permanecer no programa da Queima das Fitas.

Afonso Melara referiu que "elementos do PAN [partido Pessoas-Animais-Natureza] convocaram um grupo de alunos da UÉ" e que estão agora "a realizar iniciativas para fazer uma nova assembleia e, de certa forma, inverter a primeira decisão dos estudantes".

"Não faz sentido um partido político estar a tentar intervir na academia", realçou, considerando que "a universidade é um espaço livre e deve ser completamente desassociado de qualquer referência ou intervenção política".

O porta-voz do movimento defendeu que a votação para a realização do referendo sobre a garraiada académica foi "um processo democrático, que foi mais do que divulgado", assinalando que esta assembleia magna foi "muito participada".

O estudante indicou que o movimento "Estudantes por Évora" foi criado para "defender a voz dos alunos e a decisão democrática que se registou" na última assembleia magna de alunos e contra "as imposições políticas que se seguiram" à reunião.

Afonso Melara adiantou que "os núcleos de estudantes de agronomia e zootecnia já entraram em contacto com a direção da AAUE e já se organizaram entre eles para organizarem a garraiada académica, tal como ficou decidido".

Um outro grupo de alunos da UÉ está a recolher assinaturas para convocar uma assembleia magna de estudantes que vote, novamente, a realização de um referendo sobre a continuidade da garraiada na Queima das Fitas.

Para a convocação de uma assembleia magna de estudantes da UÉ extraordinária são necessárias as assinaturas de 10% dos cerca de 7.500 alunos da academia.

A Queima das Fitas em Évora vai ter lugar este ano de 25 de Maio a 02 de Junho, mas a garraiada ainda não tem data de realização prevista.

A actual direcção da associação académica decidiu incluir a realização do referendo sobre a garraiada na ordem de trabalhos desta assembleia magna para lançar a discussão sobre o assunto, aproveitando o referendo realizado sobre este tema na Universidade de Coimbra, a 13 de Março.

No referendo, os alunos da Universidade de Coimbra decidiram acabar com a garraiada na Queima das Fitas. À pergunta "Deve o evento garraiada continuar no programa oficial da Queima das Fitas?", 70,7% dos estudantes que participaram no referendo responderam "Não" e 26,7% "Sim".

O Conselho de Veteranos daquela academia decidiu que a garraiada permaneceria na Queima das Fitas, indo assim contra o resultado do referendo, mas a decisão foi considerada nula.

Já esta segunda-feira, o Conselho de Veteranos aprovou, em reunião, a decisão de acabar com a garraiada na Queima das Fitas.

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