Spotify estreia-se em alta na bolsa

Empresa tem 71 milhões de assinantes e ainda dá prejuízo.

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A empresa diz que se quer concentrar no longo prazo e não na bolsa Reuters/LUCAS JACKSON

Com uma estratégia pouco convencional de entrada em bolsa, o Spotify, que é o maior serviço de música em streaming do mundo e que tem prejuízos, viu as acções a estrearem-se em alta, embora o interesse dos investidores tenha esmorecido após as primeiras horas.

As acções abriram a sessão a valer 169,5 dólares, muito acima dos 132 dólares que a Bolsa de Nova Iorque tinha indicado como preço de referência. O valor tinha sido estimado com base em transacções privadas de acções feitas antes da estreia em bolsa. A cotação acabou a derrapar e fechou nos 149,01 dólares, ainda assim perto de 13% acima do valor de referência.

O Spotify optou por não fazer uma típica oferta inicial de venda em que as acções são vendidas a investidores antes de serem transaccionadas em bolsa, permitindo assim um encaixe financeiro às empresas. Estas operações são feitas com o apoio de bancos e implicam semanas, ou meses, de apresentações por parte dos executivos, que tentam aliciar investidores. Os bancos envolvidos tomam por vezes a iniciativa de transaccionar acções para ajudar a manter os preços, como aconteceu com a estreia do Facebook, em 2012. Ao entrar directamente em bolsa, o Spotify não faz dinheiro. Os investidores, executivos e funcionários que já tinham acções passam simplesmente a poder vendê-las em bolsa a qualquer interessado. É uma opção rara, particularmente entre empresas de tecnologia.

Também não houve executivos do Spotify a abrir a sessão com o tradicional tocar do sino. A Bolsa de Nova Iorque, no entanto, quis prestar uma homenagem à empresa, hasteando a bandeira suíça – o que foi uma gaffe, uma vez que o Spotify é sueco. A bandeira foi substituída momentos depois.

Num texto no blogue da empresa, o fundador e presidente executivo justificou a decisão de entrar directamente em bolsa com o argumento de que quer pensar a longo prazo, em vez de estar preocupado com um dia simbólico. “Normalmente, as empresas tocam sinos. Normalmente, as empresas gastam o dia a dar entrevistas nas bolsas a alardear por que é que as suas acções são um bom investimento. Normalmente, as empresas não querem entradas directas”, escreveu Daniel Ek. “O nosso foco não é num splash inicial. Em vez disso, vamos trabalhar para construir, planear e imaginar no longo prazo.”

O negócio do Spotify está a crescer, mas as contas ainda estão no vermelho. A empresa anunciou que espera fechar os primeiros três meses deste ano com receitas entre os 168 milhões e os 171 milhões de euros, o que significará um aumento de 28% a 31%. Os prejuízos para o trimestre estão estimados em 50 milhões a 80 milhões de euros.

No final do ano passado, o Spotify tinha 157 milhões de utilizadores activos, dos quais 71 milhões eram assinantes.

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