Novo conselheiro de Trump foi cliente da Cambridge Analytica

John Bolton queria que os cidadãos norte-americanos tivessem "uma visão do mundo mais militarista", segundo um antigo funcionário da empresa.

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A empresa trabalhou para Bolton em 2014 Reuters/Joshua Roberts

O novo conselheiro de Segurança Nacional norte-americano, John Bolton, foi um dos primeiros clientes da Cambridge Analytica, a empresa que terá usado 50 milhões de perfis de utilizadores do Facebook para melhorar o seu serviço de identificação de eleitores em países como os Estados Unidos e o Reino Unido.

A Cambridge Analytica foi fundada no último dia de 2013 com dinheiro da família Mercer, conhecida por apoiar candidatos e projectos da direita nacionalista, e com o envolvimento de Stephen Bannon, antigo conselheiro de Trump e defensor de ideias populistas e nativistas. Poucos meses depois, em Agosto de 2014, já trabalhava para um grupo de apoio a John Bolton, noticiou esta sexta-feira o New York Times.

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Depois disso, já no Verão de 2016, trabalhou para a campanha de Donald Trump. Fora dos EUA participou em campanhas eleitorais no Quénia – e os seus responsáveis chegaram a gabar-se publicamente de terem participado na campanha pela saída do Reino Unido da União Europeia, mas agora negam esse envolvimento.

Christopher Wylie, o antigo funcionário da Cambridge Analytica que deu início à recente vaga de notícias sobre a empresa e a sua relação com o Facebook, disse ao jornal norte-americano que o grupo de apoio a John Bolton sabia de que forma estavam a ser recolhidos os dados sobre os eleitores.

"Eles estavam obcecados com a forma como a América estava a ficar fraca, e queriam pesquisas e campanhas sobre assuntos de segurança nacional", disse Wylie. "O que eles queriam dizer com isso era que as pessoas deviam ter uma visão do mundo mais militarista. Pelo menos foi isso que eles disseram."

Num e-mail enviado em Outubro de 2014, a Cambridge Analytica diz a John Bolton o que ele deve dizer a outros potenciais clientes para promover o trabalho da empresa: "Estamos a criar anúncios especificamente desenhados para eleitores de uma certa personalidade e perfil demográfico. Para uma mulher jovem do New Hampshire com um específico tipo de personalidade, a nossa pesquisa permite-nos criar uma ligação a essa eleitora que seja positiva para ela."

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