Como Stephen Bannon e a milionária família Mercer construíram a base de poder populista

Os milionários financiadores do Partido Republicano e aquele que foi o principal conselheiro de Donald Trump até 18 de Agosto colaboraram em pelo menos cinco projectos sempre com uma convicção: controlar a narrativa mediática na defesa do movimento populista e anti-establishment.

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Festival de Cannes, Maio de 2016: abriam-se garrafas de champanhe na festa que o gestor de fundos de investimento Robert Mercer e a sua filha Rebekah estavam a dar para promover Clinton Cash, um filme produzido e realizado pelo conselheiro político da família, Stephen K. Bannon, da produtora fundada por ambos, a Glittering Steel. 

Os Mercer, importantes financiadores republicanos que tinham desembolsado milhões na falhada candidatura presidencial do senador Ted Cruz, e Bannon, então presidente executivo da Breitbart News Network (à qual está agora de volta), estavam ainda a semanas de se aliarem à campanha de Donald Trump – três meses depois, Mercer aconselhou Trump a escolher Bannon como principal estratega. Mas as festividades dessa tarde soalheira de Maio na Côte d'Azur, a bordo do Sea Owl, o iate de luxo da família Mercer, marcaram a crescente influência dessa parceria financeira e política na definição da campanha de 2016 — e no estímulo da onda populista que hoje ressoa pelo mundo.

A abordagem dos Mercer é muito diferente da da maioria dos grandes financiadores. Enquanto as figuras mais conhecidas — como os irmãos Koch à direita ou George Soros à esquerda — tentam mobilizar activistas e eleitores, os Mercer exerceram a sua pressão sobre o sistema político ajudando a erigir um ecossistema de media alternativo e cujos títulos galvanizaram a base populista do Partido Republicano na corrida de 2016.

A sua aliança com Bannon providenciou o combustível que propulsionou a narrativa em que assentou a vitória de Trump: o país está a ser destruído por perigosos imigrantes e Washington a ser sabotada por lobbies corruptos.

Ao estilo Silicon Valley

Segundo uma investigação do Washington Post a registos públicos e de acordo com várias pessoas conhecedoras da relação, a milionária família nova-iorquina e o antigo banqueiro de investimento transformado em executivo de media colaboraram em pelo menos cinco projectos entre 2011 e 2016. É a primeira vez que a extensão desta parceria é relatada.

Através dessas colaborações, os Mercer e Bannon, até há poucos dias principal estratega da Casa Branca, construíram silenciosamente uma base de poder com o intuito de semear a desconfiança no governo federal e esbater o domínio dos principais órgãos de informação.

Os Mercer entraram com o dinheiro e Bannon, trabalhando em conjunto com Rebekah, agiu como parceiro de negócios e conselheiro político. A estratégia global da família é testar várias tácticas para perceber qual a mais eficaz, de acordo com fontes próximas das doações dos Mercer.

“A abordagem dos Mercer à política é ao estilo Silicon Valley: vamos fazer crescer mil entidades diferentes e logo vemos o que funciona”, disse um colaborador que, como outros ligados aos Mercer, só aceitou falar acerca desta família, bastante reservada, sob condição de anonimato.

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Alexander Nix dirige a Cambridge Analytica, empresa de análise de dados que afirma conseguir influenciar os eleitores com base nos seus tipos de personalidade e da qual os Mercer se tornaram o principal financiador

Os Mercer injectaram dinheiro no Breitbart News, canal de media onde detêm agora uma participação e que sob a liderança de Bannon deu voz ao fervor nacionalista que Trump abraçou. A família ajudou também a financiar um think tank co-fundado por Bannon, o Government Accountability Institute, cujo presidente escreveu Clinton Cash. A produtora de cinema Glittering Steel, detida pelos Mercer, levou depois as descobertas do livro para o ecrã, retratando a candidata presidencial democrata Hillary Clinton como refém de interesses económicos.

A aliança prolongou-se através da Cambridge Analytica, empresa de análise de dados que trabalhou para a campanha de Trump e que conta com os Mercer como investidores e com Bannon na administração. Também juntaram forças num centro de observação sem fins lucrativos que está a debruçar-se sobre os gastos públicos em Nova Iorque, estado natal dos Mercer e que tem o democrata Andrew Cuomo como governador.

Uma Washington rica à conta do poder e à custa do povo

Embora não tenham sido quem mais doou para a campanha de Donald Trump, hoje os Mercer são provavelmente os mais influentes financiadores da era Trump. E Bannon, que acabou por liderar os últimos meses da campanha de Trump antes de se juntar à Casa Branca, foi o principal arquitecto da visão política do Presidente. Na Ala Oeste, teve a companhia da conselheira Kellyanne Conway, amiga de Rebekah Mercer e que liderou o “super PAC” [Political Action Comitee, tipo de organização que agrupa os donativos e os entrega às campanhas políticas] financiado pela família e que apoiou primeiro Cruz e depois Trump na corrida presidencial de 2016.

Quem os conhece diz que os Mercer, que desprezam os agentes políticos tradicionais, apreciam a sagacidade de Bannon nos negócios e partilham a sua convicção de que é preciso mudar a maneira como se fala de política para que os seus ideais possam prevalecer. Não obstante todo o seu poder e privilégios, tanto a família como o seu conselheiro de longa data se vêem como outsiders que lutam contra as elites estabelecidas.

Os Mercer acreditam que “há uma relação demasiado próxima entre os media tradicionais e a classe política, e que é preciso mais responsabilização”, diz Peter Schweizer, presidente do Government Accountability Institute e autor de Clinton Cash. “Eles abominam o facto de Washington se ter tornado uma cidade muito rica à conta do poder e à custa do povo americano.”

Nem os Mercer nem Bannon quiseram comentar.

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Kellyanne Conway, conselheira de Trump e amiga de Rebekah Mercer, chega ao baile de máscaras que os Mercer dão anualmente e no qual também o Presidente marcou presença Mark Kauzlarich/ reuters

O próprio Trump homenageou a família em Dezembro, poucas semanas antes de se mudar para a Casa Branca, marcando presença no sofisticado baile de máscaras anual dos Mercer, na sua mansão de Long Island. Em consonância com o tema “Vilões e Heróis”, Rebekah Mercer mascarou-se de Viúva Negra e o seu pai de Mandrake, o super-herói de banda desenhada famoso por hipnotizar os seus alvos.

Donald Trump, que não se mascarou, disse à plateia que quando Robert Mercer, conhecido pela sua discrição e parcas palavras, o aconselhara em Agosto – três meses depois da tarde passada a bordo do Sea Owl – a contratar Bannon e Conway, sabia que devia seguir o conselho, contaram pessoas presentes na festa.

Contribuições à medida da riqueza

Há uma década, poucos poderiam prever a rápida ascensão dos Mercer no mundo dos donativos. Os registos federais mostram que, nas eleições intercalares de 2006, a família contribuiu apenas com 37.800 dólares para candidaturas federais e comités políticos — incluindo 4200 dólares que Diana, mulher de Robert Mercer, doou à campanha de Clinton, que se candidatava à reeleição para o Senado. E de acordo com declarações de impostos, também a fundação da família apresentava números modestos, doando 292 mil dólares em 2007, com quase metade destinados a uma organização não lucrativa de Matemática fundada por um dos parceiros de Robert Mercer nos fundos de investimento. Mas a partir da eleição de Barack Obama, e à boleia de uma riqueza recém-adquirida, a família começou a aumentar as suas contribuições.

Em 2010, Robert Mercer foi promovido a co-director executivo do fundo de investimento Renaissance Technologies, cujas fórmulas quantitativas guardadas a sete chaves têm gerado lucros astronómicos. A partir do ano seguinte, Mercer começou a alcançar rendimentos anuais na ordem de mais de 100 milhões de dólares, de acordo com a lista da Institutional Investor’s Alpha.

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Entretanto, a decisão do Supremo Tribunal no caso Citizens United, em 2010, abriu caminho a novas formas de contribuições políticas ilimitadas — o que foi imediatamente aproveitado pelos megadoadores de direita que se opunham à administração Obama.

O que mostram os relatórios financeiros das campanhas e as declarações de impostos é que entre 2008 e 2016, os Mercer gastaram 77 milhões de dólares da sua fundação em doações políticas, apoiando um vasto universo de causas ligadas aos conservadores. A fundação financiou grupos associados a temas internacionais, liberdade religiosa, políticas estaduais, questões judiciais e mercado livre. Milhões foram injectados na rede de influência dos Koch e em vários “super PAC” que apoiaram candidatos republicanos por todo o país.

Segundo documentos da Comissão Federal de Eleições, em 2016, os Mercer subsidiaram um “super PAC” familiar de 15,5 milhões de dólares, incluindo dois milhões para apoio directo a Trump após este ter assegurado a nomeação para candidato do Partido Republicano.

Iates, biscoitos gourmet & política

A ideologia dos Mercer assemelha-se à de muitos financiadores e líderes de opinião conservadores. Acreditam em limitações ao poder do governo e na liberdade dos mercados, revelam pessoas próximas. As mesmas fontes dizem que nutrem uma acérrima antipatia pelos Clinton e que Rebekah Mercer, que educa os quatro filhos em casa, é assumidamente antiaborto.

Mas o que distingue os Mercer é a sua vontade em encontrar novas formas de moldar o próprio enquadramento em que as questões políticas são debatidas, impulso resultante do seu passado na tecnologia e na finança.

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Robert Mercer, o ilustre programador informático que foi pioneiro no campo da tradução automática, fez fortuna após trocar a IBM pelo fundo de investimento Renaissance Technologies, no início dos anos 1990 the washington post

Robert Mercer é um ilustre programador informático, pioneiro no campo da tradução automática, que fez fortuna após trocar a IBM pelo fundo de investimento Renaissance Technologies, no início dos anos 1990. Comprou uma propriedade com vista para o mar em Long Island e um luxuoso iate de 60 metros, que apresenta extravagâncias como um mural esculpido em mogno peruano, que se estende pelos quatro andares do convés, e um piano de cauda Steinway em pau-rosa, equipado com reprodução automática de alta definição.

Rebekah Mercer, de 43 anos e antiga corretora de Wall Street, vive com a família num enorme triplex num condomínio de marca Trump situado no Upper West Side de Manhattan e tem lugar na administração do Museu Americano de História Natural e da conservadora Fundação Heritage. É também proprietária, juntamente com as duas irmãs, de uma empresa de venda online de biscoitos gourmet.

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Rebekah Mercer, de 43 anos e antiga corretora de Wall Street, é das três filhas de Mercer quem se dedica à política e tem um grande peso na escolha dos destinatários do dinheiro da família the washington post

É das três filhas de Mercer a que mais se dedica à política e tem um grande peso na escolha dos destinatários do dinheiro da família. Nos círculos conservadores, é conhecida pela maneira inflexível e céptica com que questiona os agentes políticos, sejam candidatos ou já eleitos.

“São nerds de direita”, diz George Gilder, economista e antigo conselheiro de Ronald Reagan, que conheceu Robert Mercer quando este começou a frequentar palestras onde Gilder defendia a bitcoin e um regresso ao padrão-ouro.

“[Robert Mercer] acredita no mercado livre e no poder positivo da tecnologia e defende que há um excesso de regulamentação por parte do governo, o que suprime a criatividade económica”, acrescenta Gilder.

Um dos maiores beneficiários das doações dos Mercer tem sido o centro de observação conservador Media Research Center, que entre 2008 e 2014 recebeu, segundo os registos tributários, 13,5 milhões de dólares da Mercer Family Foundation.

Os projectos do centro incluem um website chamado CNSNews.com, que publica histórias que afirma serem ignoradas pelos media tradicionais — foi um precursor do Breitbart News.

L. Brent Bozell III, fundador do Media Research Center, não respondeu aos pedidos de contacto. Mas no ano passado, em entrevista ao Washington Post, chamou aos Mercer “visionários” no que toca em reconhecer novas formas de comunicar com o público.

“Eles querem construir um movimento, não apenas criar um”, disse então Bozell. “Não sei onde vai parar, mas posso dizer-vos que eles pensam a longo prazo.”

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Donald Trump e Stephen Bannon, até 18 de Agosto o seu principal estratega na Casa Branca Carlos Barria/reuters

Controlar a narrativa mediática

A parceria dos Mercer com Bannon começou em 2011, graças a um encontro que Robert e Rebekah tiveram com Andrew Breitbart.

Durante um encontro primaveril para financiadores do Club for Growth, um outro órgão de pressão conservador, no Ritz-Carlton de Palm Beach, na Florida, os Mercer procuraram Breitbart após o terem visto a dar uma palestra sobre como neutralizar as estratégias políticas dos liberais.

O conservador empresário de media, que costumava chamar à imprensa tradicional a “parceira no crime” dos democratas, defendia então que as políticas governamentais nunca se iriam alterar até que os conservadores assumissem o controlo da narrativa mediática. E, diz uma pessoa próxima da família, essa mensagem ecoou nos Mercer.

Breitbart apresentou-os a Bannon, na altura argumentista e produtor no Sul da Califórnia e que estava a realizar um filme chamado Occupy Unmasked onde figurava Breitbart. A co-produção estava a cargo da organização conservadora Citizens United, cuja fundação-irmã viria mais tarde a receber dinheiro dos Mercer.

Bannon, cuja carreira ambulante o levara de Wall Street para Hollywood, estava naquela altura a ampliar a sua participação política, realizando e produzindo um conjunto de documentários conservadores.

Tinha-se tornado próximo de Breitbart e incitava-o a expandir o website, que originalmente era gerido a partir da cave de Breitbart. Como parte desse esforço, os Mercer investiram dez milhões de dólares na empresa no Verão de 2011, afirma uma fonte ligada ao negócio. Quando Breitbart morreu de ataque de coração em Março seguinte, Bannon tornou-se presidente executivo do portal de notícias. O Breitbart News confirmou em Fevereiro deste ano ser parcialmente detida pelos Mercer, a par do director executivo Larry Solov e da viúva de Breitbart, Susannah.

O site foi um dos primeiros defensores de Trump e do movimento populista e anti-establishment que impulsionou a sua campanha. Foi também alvo de intensas críticas por publicar histórias incendiárias sobre imigrantes, refugiados e radicais islâmicos. Bannon publicitou-o uma vez como uma “plataforma” para a alt-right, movimento de extrema-direita que prega a supremacia branca e cujos apoiantes têm adoptado pontos de vista racistas, anti-semitas e sexistas.

Oficialmente, o Breitbart News nega as acusações de que os seus conteúdos promovem o racismo ou a islamofobia. Solov não respondeu aos pedidos para tecer comentários.

Segundo uma pessoa próxima, Rebekah Mercer orgulha-se do facto de os conteúdos do Breitbart terem afectado o debate político ao se imiscuírem nos media tradicionais, impacto confirmado por investigadores independentes.

“Eles olham para o Breitbart como uma empresa e como uma marca que gera muito tráfego, ao ponto de influenciar e transformar a maneira como os outros órgãos cobrem estes assuntos”, disse a mesma fonte.

Parceria lucrativa

Ao mesmo tempo que estava à frente do Breitbart News, Bannon agia também como conselheiro político da família, avaliando o impacto de think tanks, grupos de pressão e os “super PAC” que os Mercer ponderavam financiar, de acordo com múltiplas fontes conhecedoras do seu papel.

Para Bannon, a parceria com os Mercer revelou-se lucrativa. Em 2013, declarou rendimentos de 750 mil dólares como presidente do Breitbart News, mostra um formulário de aluguer já antes revelado pelo Post. No mesmo ano, recebeu ainda 100 mil dólares de salário como presidente em part-time do Government Accountability Institute, de acordo com declarações de IRS a que o Post teve acesso em primeira mão.

O ponto de viragem estratégico aconteceu em 2012. Documentos mostram que os Mercer contribuíram com três milhões de dólares para um “super PAC” que apoiava o candidato presidencial do Partido Republicano Mitt Romney, e a sua derrota deixou-os desapontados com a classe política de Washington, dizem fontes próximas da família.

Bannon aconselhou-os a mudar de abordagem: em vez de encherem os bolsos de consultores, deviam criar a sua própria rede de influência.

Em 2013, os Mercer tornaram-se o principal investidor da Cambridge Analytica, empresa de análise de dados que afirma conseguir influenciar os eleitores com base nos seus tipos de personalidade. Surgiu a partir de uma empresa britânica que aconselha governos de todo o mundo sobre como efectuar acções psicologicamente eficazes.

Documentos da empresa, no Delaware, mostram que Bannon foi vice-presidente e secretário da administração da Cambridge, e pessoas ligadas à empresa afirmam que ele foi preponderante na expansão para o mercado dos EUA.

Como nasceu Clinton Cash

Outras parcerias Mercer-Bannon tiveram objectivos menos abrangentes. Juntos, Rebekah Mercer, a sua irmã Jennifer e Bannon criaram em 2013 um centro de observação, o Reclaim New York, que usa a lei de liberdade no acesso à informação do estado para tentar divulgar todas as despesas públicas a nível local.

Uma das jogadas mais eficazes da família foi a ajuda no financiamento das organizações que produziram Clinton Cash.

A fundação dos Mercer doou, entre 2013 e 2014, dois milhões de dólares ao Government Accountability Institute, o think tank de investigação com sede em Tallahassee e fundado por Bannon e Schweizer.

Schweizer começou a escrever Clinton Cash no final de 2013, baseando-se na investigação do instituto sobre os financiadores da Clinton Foundation, informação proveniente em grande parte de obscuros websites estrangeiros. O livro foi publicado em 2015, em plena rampa de lançamento da corrida presidencial.

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Convenção Republicana: Bannon conversa com Peter Schweizer, autor de "Clinton Cash", publicado em 2015, em plena rampa de lançamento da corrida presidencial Kirk Irwin/ Getty Images

Nesse mesmo ano, os Mercer criaram a produtora Glittering Steel, da qual Bannon é co-fundador, afirmam fontes próximas.

Em Cannes, na exibição do documentário Clinton Cash, cujo plano inicial é uma nota de 100 dólares manchada de sangue, Bannon disse aos jornalistas que o seu público-alvo eram liberais que pudessem ficar desiludidos com Clinton. “Quero que o maior número possível de progressistas veja isto, porque acho que é preciso compreender como os Clinton, que proclamam defender os mesmos ideais, basicamente se venderam por dinheiro”, afirmou Bannon à Reuters.

A campanha de 2016 deu aos Mercer a oportunidade de posicionarem a rede de organizações que haviam construído com Bannon.

O Breitbart News, cuja cobertura noticiosa fez eco dos sombrios alarmes de Trump relativamente aos imigrantes ilegais e ao islão radical, ajudou a moldar o clima da campanha. Um novo estudo de investigadores de Harvard e do MIT, financiado por uma fundação apoiada por Soros, concluiu que o Breitbart controlou a cobertura das eleições nos media conservadores e influenciou os órgãos de informação tradicionais.

A Glittering Steel produziu vídeos para o “super PAC” Make America Number 1, subsidiado pelos Mercer e que pagou à produtora cerca de 700 mil dólares, revelam documentos da campanha.

O mesmo “super PAC” pagou à Cambridge Analytica 5,5 milhões de dólares por serviços de consultoria, dados e publicidade. Ficheiros das finanças mostram que a mesma empresa recebeu ainda pelo menos 6 milhões de dólares pela ajuda prestada à campanha de Trump na identificação e selecção de eleitores. Desde as eleições, a empresa-mãe, SCL Group, intensificou as negociações com vista a contratos com o governo norte-americano.

Mercer continuam a sua caminhada

A ascensão de Bannon a principal conselheiro de Donald Trump, em Agosto do ano passado, forçou-o a afastar-se das operações dos Mercer. No Verão de 2016, quando se juntou à campanha, abandonou o cargo no Government Accountability Institute, e depois das eleições renunciou formalmente ao seu cargo no Breitbart, de acordo com informações relatadas por Solov a um painel de jornalistas do Congresso em Fevereiro.

Enquanto Bannon esteve ausente, os Mercer continuaram a sua caminhada. Rebekah Mercer encabeça um novo grupo chamado Making America Great que, segundo relatos de fontes próximas e documentos empresariais entregues na Virgínia, existe para apoiar a agenda política de Trump. Permanece incerto o tipo de relação que esta nova organização terá com outra, a America First Policies, que já tinha sido lançada por outros antigos conselheiros de Trump.

Os Mercer têm intenção de continuar a apoiar projectos cinematográficos através da Glittering Steel, bem como novelas gráficas — uma, baseada em Clinton Cash, foi um bestseller do New York Times. E contam agora com o estratega Bannon de volta à acção.

E lá no Sul, em Tallahassee, outra das suas grandes causas, o Government Accountability Institute, avança nas suas investigações.

Com Alice Crites e Ann Hornaday. Exclusivo PÚBLICO/The Washington Post. Tradução de António Domingos

Este texto encontra-se no P2, caderno de domingo do PÚBLICO

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