Cirurgias e consultas serão os serviços mais afectados pela greve

Sindicato dos Enfermeiros Portugueses espera "forte adesão" nos dois dias de paralisação nacional. Querem a contratação de mais 1500 enfermeiros nos próximos meses e o pagamento das horas em dívida.

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fabio augusto

Os enfermeiros entram em greve às 8h desta quinta-feira. É o primeiro de dois dias de paralisação nacional que irá afectar fundamentalmente as cirurgias programadas, as consultas externas e os centros de saúde. O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) espera “uma forte adesão”. Em causa estão a falta de contratação de enfermeiros para hospitais e centros de saúde, o descongelamento das progressões e a negociação da carreira.

O primeiro balanço será feito às 11h30 à porta de vários hospitais do país. Guadalupe Simões, dirigente do SEP, espera “uma forte adesão à greve” perante o descontentamento dos enfermeiros. “Os serviços mais afectados serão os blocos operatórios [cirurgias programadas], as consultas externas e os centros de saúde”, diz.

À semelhança de outras greves, estão garantidos mínimos nos internamentos, cuidados intensivos, urgências, serviços de hemodiálise e de tratamento oncológico e outros que funcionam 24 horas por dia.

A lista reivindicações é grande e os compromissos assumidos nas últimas reuniões pelo Ministério da Saúde – o compromisso da publicação da alteração legislativa que permitirá o pagamento do suplemento de 150 euros aos enfermeiros especialistas com retroactivos a partir de Janeiro e a assinatura do protocolo para a negociação da carreira – não foram suficientes para travar a greve de dois dias.

“Não existem mais reuniões marcadas, além das definidas no protocolo de negociação da carreira. Não há nada agendado para resolver a admissão de enfermeiros e continuamos a receber informação dos conselhos de administração que não estão garantidos contratos de substituição. Não há nenhum avanço no plano de contratação de enfermeiros para passagem dos contratos individuais às 35 horas semanais [que acontecerá a partir de 1 de Julho] que devia ter começado a ser discutido em Janeiro”, aponta.

Mais contratação

São as questões relacionadas com a carreira, como o descongelamento das progressões com a contagem dos pontos devidos aos enfermeiros, e a contratação de mais profissionais que estão no tipo da lista das reivindicações. Guadalupe Simões lembra que o sindicato defende a “contratação imediata de 500 enfermeiros e de mais mil em Maio”. Há ainda a exigência do pagamento das horas em dívida. O último levantamento do sindicato estimava em meio milhão de euros o valor por pagar.

Um comunicado da direcção regional de Coimbra do SEP dava conta que só o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra estava a dever 17 mil horas aos enfermeiros, o correspondente a 2125 dias de trabalho.

Ainda em relação ao suplemento de 150 euros a pagar aos enfermeiros especialistas, que o SEP queria que fosse dado a todos os profissionais com a especialidade, e não apenas àqueles que estão a exercer essas funções, Guadalupe Simões adianta que a alteração legislativa “ainda não foi publicada”. Razão pela qual o suplemento faz parte da lista de reivindicações, com a exigência que o pagamento aconteça já a partir deste mês.

O sindicato quer ver também garantida a continuidade da missão das Unidades de Cuidados na Comunidade, assim como o reforço de meios para as mesmas poderem funcionar.

 

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