Para os enfermeiros, 2018 é o ano de todas as expectativas

Em sete anos a Ordem dos Enfermeiros registou 15.570 pedidos de declarações necessárias para quem quer emigrar.

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NUNO FERREIRA SANTOS

Depois do “convite” à emigração nos anos da troika, a emigração dos enfermeiros diminuiu, mas não deixou de existir. O motivo não é só falta de emprego em Portugal, é também a procura de evolução na carreira dos que têm especialidade ou mais anos de experiência. Em sete anos a Ordem dos Enfermeiros registou 15.570 pedidos de declarações necessárias para quem quer emigrar.

Segundo dados enviados pela Ordem ao PÚBLICO, foi entre 2012 e 2015 que mais enfermeiros pediram a declaração para trabalhar fora. Números sempre acima dos 2500 pedidos, que em 2016 e no ano passado desceram para as 1614 e 1286, respectivamente. A maioria é feita por enfermeiros generalistas, mas os dos especialistas subiram. Em 2016 tinham sido 94, no ano passado, 123.

“Continuam a existir grandes dificuldades de contratação. Muitos enfermeiros são contratados em regime de substituição e quando o contrato acaba, não sabem se será transformado em definitivo ou não”, começa por dizer Guadalupe Simões, do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP). “Com o congelamento das carreiras, muitos especialistas ou enfermeiros com mais experiência decidiram ir para outros países. Na Suíça e na Inglaterra entram na função pública e nos centros de saúde e hospitais podem progredir ao fim de um ano.” Cá, um enfermeiro terá no mínimo de estar seis anos na mesma posição até que possa passar à seguinte.

A questão financeira também pesa. Quando entram na carreira, os enfermeiros recebem 1200 euros mensais brutos. “Por ano recebem cerca de 20 mil euros. No Reino Unido, um enfermeiro no 1.º nível recebe 31 mil libras anuais brutos”, salienta a dirigente. Valor que ronda os 34.500 euros. A Ordem não tem dados sobre os países de preferência, mas uma parte das declarações de saída foi pedida em inglês e em francês. Guadalupe Simões diz que o Reino Unido está no topo dos preferidos, seguindo-se Suíça, França, Alemanha.

“Houve diminuição das saídas pela alteração da política, pela reconversão dos cortes e do congelamento da carreira e pela expectativa de melhoria de vida. O que se espera é que esta esperança não saia gorada. A expectativa dos enfermeiros está toda depositada neste ano, com a promessa do Governo de revisão da carreira e melhoria da grelha salarial. Se em 2019 nada tiver acontecido, ficam colocadas todas as condições para mais enfermeiros voltarem a sair”, alerta Guadalupe Simões.

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