Naked, um restaurante despido de ideias feitas

Abriu há uns meses na Rua da Escola Politécnica, em Lisboa, e é um restaurante e café onde se come de tudo menos carne.

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Miguel Manso

Anda por aí muita confusão. “Quando eu digo que o restaurante é de comida saudável, as pessoas perguntam ‘Ah, mas é vegetariano?’”. Não é, explica Carla Contige, habituada a desfazer ideias feitas à medida que também ela vai aprendendo mais sobre ingredientes e modos de os confeccionar. “Neste mundo do saudável ainda há muita coisa por desbravar. Eu tenho muito interesse em dar um produto saudável, mas que seja bom.”

No Naked, restaurante e café que há uns meses abriu na Rua da Escola Politécnica, come-se de tudo menos carne. “Sim, também há peixe”, assegura Carla. É que refeições só à base de legumes podem não ser tão boas para a saúde como vulgarmente se pensa. “As pessoas comem brócolo só porque é verde e é vegetal, mas não deve cozer mais do que três minutos. O tomate fresco devia levar sempre um entalão para perder uma enzima que não nos faz assim tão bem”, exemplifica.

Os pratos que se apresentam no Naked são resultado de um caminho que Carla Contige começou a percorrer há alguns anos, quando abriu um quiosque vegetariano no Martim Moniz. “Foi aquele buraquinho de nove metros quadrados que me ensinou tudo” sobre este ofício de preparar e servir comida aos outros, diz Carla. A aprendizagem sobre a parte prática de gerir um negócio foi acompanhada pelo interesse em conhecer melhor produtos e rótulos. Uma primeira conclusão: “O que acho mais incrível é que as pessoas não são informadas” — da quantidade de açúcar e sal que há em certas coisas, por exemplo.

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Miguel Manso

Carla abriu entretanto uma famosa banca de bolos no Mercado da Ribeira e foi daí que veio a necessidade de criar o Naked. “O negócio lá corre tão bem que a maior parte dos nossos clientes pergunta onde é a nossa loja”, diz, acrescentando que o sócio Miguel Júdice já há muito que a vinha desafiando para abrir um restaurante que replicasse um pouco o que se fazia no tal quiosque do Martim Moniz. Encontraram o espaço — pelos vistos não foi fácil, dada a apetência que há hoje pelo Príncipe Real —, chegou então a certeza do que queriam: um sítio despido de rótulos em que qualquer pessoa pudesse comer, sem complexos.

A casa começou a ganhar fama pelas refeições propriamente ditas. “No início era o almoço, ponto final. Isto agora é que está a evoluir”, afirma Carla. Os lanches e pequenos-almoços vão ganhando mais procura, a oferta de bolos também está a expandir-se. “Estamos a perceber que finalmente temos capacidade para ter aqui uma loja de bolos.”

A ementa tem três menus de pequeno-almoço que também se servem à tarde, entre as 16h e as 19h. A versão mais simples chama-se Naked e tem sumo de laranja ou do dia, café, tostas e fruta (6€); a seguinte (Power) inclui uma bowl de açaí (9,50€) e, por fim, o menu Green apresenta um smoothie verde e uma tosta com abacate, queijo e espinafres (11€). Para o almoço há sempre um prato do dia (10€), além da oferta fixa: omelete de claras e salsa (8,50€), gnocchi (13,50€) ou hambúrguer de quinoa e beterraba (12€), entre outros. Nas entradas, e para “mostrar que se consegue fazer comida saudável por todo o mundo”, explica Carla, encontra-se a tradicional sopa (3€), hummus (3,50€) ou shakshouka (9€), um petisco do Médio Oriente com tomate e ovo escalfado. Há também uma opção de brunch todos os dias (por 15€).

Exceptuando os bolos, cuja lista muda diariamente, há ainda nove opções de sobremesa, que vão do prato de fruta fresca (3,50€) ao fondant de chocolate (4€). Mas aqui a estrela é mesmo a tarte Naked, com chocolate e batata-doce. Recentemente foi acrescentada à lista uma tarte Naked de amendoim, que leva açaí e é recheada com doce de morango e mirtilos (4€).

Esta variedade tem permitido ter o Naked quase sempre bem composto, ao ponto de os fundadores já lamentarem não ter mais espaço dentro do pequeno restaurante. Mais do que pensar em alargamentos, Carla Contige prefere renovar constantemente a oferta com base no que vai descobrindo. “Eu continuo a considerar-me uma curiosa”, diz.

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