Problema eléctrico no Kosovo atrasa relógios em 25 países, incluindo Portugal

Afectada rede eléctrica sincronizada que abrange 36 países. Tensão política entre a Sérvia e o Kosovo está na origem do problema.

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Reuters/CARLO ALLEGRI

Uma falha de rede eléctrica no Kosovo está a afectar a distribuição de energia em 25 países e a atrasar os relógios ligados à electricidade desde Janeiro. Desde então, os relógios de aparelhos eléctricos, como é o caso dos relógios de microondas, despertadores ou fornos, estão seis minutos atrasados.

A confirmação foi dada pela ENTSO-E (sigla em inglês para a European Network of Transmission System Operators), o organismo que representa gestores de transmissão de electricidade de 36 países. O desvio da frequência eléctrica está a afectar a rede “de Espanha à Turquia e da Polónia à Holanda”, informa o comunicado da ENTSO-E, sendo que Portugal é um dos países incluídos.

O que é uma rede sincronizada?

Uma rede de energia sincronizada funciona através de uma área ampla de uma rede que cobre diferentes países ou regiões e que opera através de uma frequência sincronizada. Na Europa Continental, a frequência funciona sincronizada nos 50 Hz. No entanto, desde Janeiro que a média tem sido ligeiramente inferior, sintonizando-se nos 49 Hz, o suficiente para que exista um efeito nos relógios.

Para que a frequência — que é medida na Suíça — não seja afectada e o sistema funcione sem problemas, os valores devem manter-se acima de 47,6 Hz e abaixo de 52,4 Hz, detalha o agregador. 

Como é que os relógios são afectados

Alguns relógios funcionam com base na frequência do sistema eléctrico e por isso atrasam-se quando a frequência diminui ou adiantam-se quando a frequência aumenta. A correcção pode ser feita manualmente ou esperando que a frequência seja normalizada, o que pode demorar algumas semanas.

Kosovo não produziu energia suficiente

Na base desta variação está um problema político entre o Kosovo e a Sérvia, confessou à AFP a porta-voz da ENTSO-E, Claire Camus. “A dúvida de quem irá compensar esta perda terá de ser respondida”, assevera o organismo em comunicado.

Uma vez que o Kosovo não conseguiu produzir energia suficiente, a Sérvia estava legalmente obrigada a intervir, para que não houvesse uma variação na frequência. No entanto, devido à tensão política entre os dois países — que se prolonga desde a independência do Kosovo em 2008, que a Sérvia recusa reconhecer — a ajuda não foi garantida, explica a BBC.

A entidade agregadora pede ainda uma intervenção dos órgãos europeus e governos, uma vez que se trata de um problema com uma “dimensão política que tem um impacto directo no funcionamento do sistema eléctrico”. A ENTSO-E acrescenta ainda que só quando a questão política for resolvida é que pode responder com uma solução técnica.

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