Alunos que passem de ano vão ter viagens de comboio como prémio

A iniciativa é do Governo e serve para promover o ensino superior. "É errada a ideia que se meteu na cabeça das famílias de que não vale a pena estudar", diz secretária de Estado da Ciência.

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Rui Farinha

Os alunos do 1.º ano de um curso superior que passem para o 2.º, com aproveitamento, vão poder viajar de comboio de graça, para qualquer ponto do país, durante uma semana, anunciou o Governo.

Para poderem aceder à viagem, os alunos dos cursos técnicos superiores profissionais, bem como os de licenciatura e mestrado integrado precisam de ter completado o 1.º ano com pelo menos 36 créditos, no ano lectivo de 2017-18.

"Não fiques apeado — dá crédito aos teus estudos e vem conhecer Portugal”, é o mote da iniciativa que se insere no programa “Estudar mais é preciso”.

Usando uma aplicação dedicada (Globestamp), os alunos podem ficar a saber mais dos sítios por onde vão parando ao viajar nos comboios da CP e, ao mesmo tempo, "podem partilhar a experiência" com os seus pares, disse à Lusa a secretária de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Maria Fernanda Rollo.

"São anos exigentes", afirmou, considerando que o projecto Comboio do Conhecimento premeia os estudantes ao mesmo tempo que é "um estímulo para conhecer o território e a identidade nacional".

"É absolutamente inédito, não sabemos o que vai acontecer", referiu a governante, destacando que "é errada a ideia que se meteu na cabeça das famílias de que não vale a pena estudar".

A "desperdiçar dois terços" do talento

Apenas cerca de um terço dos alunos em idade de estar no ensino superior está a fazer um curso, o que significa que se está a "desperdiçar dois terços" do talento de jovens que precisam de saber que "a oportunidade de conseguir um emprego aumenta 85% quando se tem formação", disse Maria Fernanda Rollo.

Se se juntarem as assimetrias regionais a uma curva demográfica descendente, o panorama fica muito mais preocupante.

O secretário de Estado das Infraestruturas, Guilherme d'Oliveira Martins, afirmou que a campanha é também uma maneira de "valorizar o comboio como meio de transporte" através deste "'InterRail' dentro do país".

"O Governo anterior esteve de costas voltadas para a ferrovia", afirmou à Lusa, referindo que é uma forma de cativar os jovens para "um sistema moderno e viável" de deslocações em Portugal.

O presidente da associação académica da Universidade de Trás-os-Montes, António Vasconcelos, considerou que a iniciativa pode servir para contrariar a tendência de abandono escolar e levar os estudantes a conhecer melhor o interior do país.

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