Morreu o violinista de jazz Didier Lockwood

Músico tinha 62 anos e não resistiu a um ataque cardíaco. Era um dos embaixadores do jazz francês.

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Didier Lockwood num concerto na Polónia, em 2010 LECH MUSZYNSKI/LUSA

Tocou no sábado no Bal Blomet, um clube de jazz de Paris, e no dia seguinte morreu. Chamava-se Didier Lockwood, era violinista e um dos mais internacionais músicos de jazz franceses, segundo a agência de notícias AFP. Tinha 62 anos e não resistiu a um ataque cardíaco. Deixa uma obra discográfica vasta e um exemplo de entusiasmo no que toca ao ensino da música.

“A sua mulher [a soprano francesa Patricia Petibon], as suas três filhas, a sua família [foi também casado com outra cantora lírica, Caroline Casadesus], o seu agente, os seus colaboradores e a sua editora anunciam com pesar a morte brutal de Didier Lockwood", pode ler-se no comunicado do seu agente.

Nascido em Fevereiro de 1956 em Calais, no Norte da França, numa família franco-escocesa, era filho de um professor de música e foi por causa dele que começou a aprender violino quando tinha apenas sete anos. Foi por influência do seu irmão mais velho Francis, no entanto, que mais tarde se interessou pela improvisação, escreve a AFP.

Aos 17 anos já tocava com a banda de rock progressivo e de jazz de fusão Magma, notabilizando-se pelo seu desejo de experimentar continuamente com o violino eléctrico, pondo de parte uma promissora carreira como solista clássico, diz a agência de notícias espanhola EFE, lembrando os numerosos prémios que ganhou no conservatório de Calais, onde fez a sua formação inicial.

Foi também nessa década de 1970, mas já no fim, que lançou o primeiro álbum em nome próprio, New World, título que encabeça uma lista de 35 discos de que fazem parte dois gravados durante o seu “exílio” nova-iorquino: New York Rendez Vous e Storyboard.

Apesar de ter sempre uma agenda de concertos muito preenchida – deu 4500, a acreditar nas contas da agência de notícias francesa –, Didier Lockwood teve ainda tempo para compor duas óperas, dois concertos para violino e orquestra e muitas obras sinfónicas. Numa carreira fortemente marcada pela influência de dois violinistas de perfis distintos, Stéphane Grappelli, o homem que fez entrar o violino na história do jazz, escreve a EFE, e Jean-Luc Ponty (este último também muito interessado na fusão), Lockwood fez ainda música para filmes. Foi Grappelli, aliás, quem deu a este seu discípulo a sua primeira grande oportunidade, incluindo-o nas suas digressões.

Didier Lockwood, enumera a EFE, trabalhou com grandes nomes do jazz mundial das últimas décadas nos Estados Unidos, em França e no resto da Europa: Miles Davis, Aldo Romano, Jena-Paul Céléa, Marcus Miller, Marsalis e Herbie Hancock, entre outros.

Uma carreira recheada que não o impediu de ter, segundo a AFP, um papel marcante no campo do ensino da música em França – criou um método de aprendizagem do violino para quem quer enveredar pelo jazz, método esse em que a improvisação tem um papel determinante, fundou a sua própria escola e chegou a fazer recomendações ao Eliseu sobre educação artística.

Lockwood esteve em Portugal diversas vezes, actuando, por exemplo, nos festivais de Jazz de Cascais e de Angra do Heroísmo.

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