Aprender a poupar em três sílabas: Ka-ke-bo

Livro de contas da poupança doméstica teve origem no Japão e vendeu milhões de exemplares em todo o mundo. Em Portugal já chegou aos 18 mil.

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Paulo Pimenta

Em português podia ser Bêabá. Em japonês terá de ser Kakebo - estas três sílabas querem dizer “o livro de contas para a economia doméstica”. O manual com o mesmo nome, editado em Portugal desde 2014 pela Editora Vogais (Chancela do Grupo 20

20 Editora) é isso mesmo, o bê-a-bá da poupança, o guia prático, e básico, que ensina truques, partilha dicas, impõe lembretes que contribuam para um único objectivo, poupar mais, gastando melhor.

Em Portugal já compraram este guia, que teve a primeira edição em Fevereiro de 2014, cerca de 18.500 pessoas. Em todo o mundo, e desde que foi lançado no Japão, em 1904, já serão milhões os que se habituaram a este manual que ajuda a controlar as economias e mostra em que produtos e serviços cada um gasta o dinheiro, sem ter de recorrer a folhas de cálculo, tabelas, computadores ou smartphones.

É quase um regresso ao básico: caneta, papel, e disciplina, para apontar todos os ganhos e todos os gastos. Antes de chegarmos às tabelas básicas do deve e do haver, o livro ainda se espraia em conceitos, dicas e técnicas. Sendo que o "haver" é o ordenado, a prenda da avó, o cheque de pai, o reembolso de despesas; e o "deve" são todas as saídas, em moedas, notas, multibanco ou cartão de crédito.

O objectivo é conhecer a fundo todos os gastos, através de um registo actualizado, de fácil preenchimento e consulta. Quem não quer andar sempre a abrir o Kakebo de cada vez que pega na carteira poderá juntar os recibos todos e gastar 15 minutos por dia, e no final de semana gastar outros tantos, a preencher as somas. Na tabela semanal encontram-se quatro categorias de despesas (as básicas, as de lazer, as de cultura e os extras). E no final do mês é feito o balanço, cruzado com o objectivo previamente estabelecido (fumar menos, respeitar limite nos jantares com amigos, investir em aulas de francês ou no ginásio, por exemplo), e percebe-se com que montante se fica no porta-moedas para o mês seguinte.

"O Kakebo é um fenómeno de grande popularidade no Japão, sendo utilizado todos os dias por centenas de milhares de pessoas em todo o mundo para registar e controlar com detalhe as despesas e receitas pessoais. E para gerir a economia familiar até ao último cêntimo”, diz ao PÚBLICO Joana Andrade, responsável de comunicação da editora, numa tentativa de explicar o sucesso deste produto, que agrada a todos as idades e géneros.

Em Portugal, país onde não existem grandes hábitos de poupança, “nem muita paciência para preencher agendas todos os dias”, o sucesso é considerado “relativo”. “Até hoje vendemos uma média de 4500 exemplares por ano, o que não deixa de ser bom, tendo em conta que uma tiragem média em Portugal de livros é de 2500 e é raro os livros serem reeditados, à excepção de alguns autores”, acrescenta Joana Andrade.

O que se percebe também, acrescenta, é que estes números significam que “quem toma contacto com o Kakebo pela primeira vez, consegue manter a rotina de colocar as despesas e, no final, perceber que consegue poupar. Normalmente mantém-se fiel e compra no ano seguinte”. Basta beber dois cafés por dia, a custar 0,60 euros cada, para perceber que no final do ano gastou 438 euros nesta rubrica. No fim de cada mês, chega-se ao momento da verdade - e começa a batalha entre o porquinho da poupança e o lobo da despesa. 

No fim do plano simples de 12 meses, o utilizador terá aprendido a poupar e a gastar melhor o dinheiro. Só com a ajuda de um lápis e caneta.

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