Veneza e Lisboa

Em Lisboa há restaurantes que enganam os turistas. Em Veneza também. Mas há uma enorme diferença. Em Lisboa ficou tudo na mesma.

Em Lisboa há restaurantes que enganam os turistas. Em Veneza também. Mas há uma enorme diferença. Em Lisboa ficou tudo na mesma. Mas em Veneza o presidente da câmara está a investigar o caso e promete represálias, caso a queixa seja legítima. Em Veneza o intrépido Marco Gasparinetti, um dos sócios do magnífico Gruppo 25 Aprile, um movimento de residentes/resistentes, anunciou que vai publicar no Facebook uma série de dicas para ajudar os turistas a defenderem-se.

Acha-se estranho que um grupo que quer lutar contra os excessos do turismo se disponha a ajudar os turistas? Pelo contrário. Gasparinetti afirmou, com nobreza e razão, que, quando um estabelecimento se porta mal, é o bom nome de Veneza que sofre: os justos pagam pelo pecador.

Estima-se que no centro
concorridíssimo de Veneza, o sestiere de São Marco, onde só restam 4000 habitantes, só 1% dos restaurantes pertençam a venezianos. O problema da restauração deve-se quase sempre à má preparação dos turistas que desconhecem a cozinha veneziana e procuram uma cozinha genérico-italiana que não existe em nenhuma das muitas regiões de Itália. Quantos turistas sabem que Veneza teve relações muito mais próximas e antigas com dezenas de outros países do que com a recentíssima Itália?

Nós, os turistas, temos a obrigação e o prazer de gastar o nosso dinheiro a apoiar vidas e trabalhos de venezianos. Sem uma Veneza veneziana para visitar, o que é que fica? Os edifícios? Um museu? Os restos de uma pequena cidade? Que tristeza!

Sugerir correcção
Ler 1 comentários