Apenas duas dezenas de pessoas no protesto contra novo horário

Concentração foi convocada pelo movimento Juntos pelos Trabalhadores da Autoeuropa.

Foto
Daniel Rocha

Cerca de duas dezenas de trabalhadores da Autoeuropa e alguns familiares concentraram-se neste domingo junto ao portão da fábrica de automóveis de Palmela em protesto contra o novo horário de transição imposto pela administração da empresa.

"Esperávamos mais algumas pessoas mas ontem (sábado) a fábrica também trabalhou, o pessoal está cansado e não compareceu. No entanto, é importante saber que há um conjunto de pessoas que não aceita este horário de trabalho. É por isso que estamos aqui", disse Luciano Silva, do movimento Juntos pelos Trabalhadores da Autoeuropa, que convocou o protesto deste domingo.

"Nos plenários foi expresso à Comissão de Trabalhadores que estávamos contra este modelo de horário. Em cinco plenários marcámos greve, só num dos seis plenários a greve não passou. Mas os sindicatos estão reticentes em marcar greve, e a CT, pelos vistos, não está muito do nosso lado, não sei porquê. E é importante marcar aqui uma posição e dizer que estamos contra este horário, porque este horário é ilegal", acrescentou.

Para Luciano Silva, que foi porta-voz do movimento neste domingo, a empresa deveria ponderar outros modelos para o horário transitório que irá vigorar de 29 de Janeiro a Julho deste ano, e que prevê a obrigatoriedade do trabalho aos sábados e a rotação do turno da noite de três em três semanas.

"Este horário, pela conversa, já é impossível de mudar, mas nós achamos que ainda vamos a tempo, até porque o primeiro sábado ainda não foi feito e há outros modelos [de horário] que são mais benéficos para os trabalhadores, seja uma 6/4 ou outro qualquer. O modelo 6/4 é trabalharmos seis dias seguidos e descansar quatro, ou seja, tínhamos de trabalhar sábados e domingos na mesma, mas, pelo menos, sabíamos que estávamos em casa quatro dias", explicou Luciano Silva.

Além de não concordarem com o horário transitório, os trabalhadores que integram o movimento Juntos pelos Trabalhadores da Autoeuropa alegam também que se trata de um "horário ilegal" porque "não cumpre as 35 horas de descanso previstas no Código de Trabalho para a rotação entre turnos".

Por outro lado, o movimento, tal como a Comissão de Trabalhadores, alega que a partir de Fevereiro os sábados vão ser pagos como um dia de trabalho normal, apesar de a empresa garantir o contrário, ou seja, quer os sábados vão ser pagos como um dia normal de trabalho acrescidos de mais 100%, o equivalente ao que é pago por um dia de trabalho extraordinário.

"Se eles tivessem intenção de pagar a 100% não tinham feito nada. Nós recebíamos a 100% - aliás antes recebíamos a 200% e depois passámos para 100%. Se eles queriam pagar os sábados a 100% não tinham mudado nada", argumentou Luciano Silva.

Além da remuneração, alguns trabalhadores da Autoeuropa, como Hamilton Ramos, defendem que o trabalho ao sábado deveria ser apenas em regime de voluntariado e não aceitam a obrigatoriedade do trabalho ao fim de semana.

"Não posso estar a depender dos meus pais, ou dos pais da minha esposa, para tomarem conta dos meus filhos. Uma das coisas que me fizeram mudar para a Autoeuropa há 20 anos foi exactamente isso: trabalhar de segunda a sexta-feira. O sábado e o domingo eram para estar em casa com a família. Se viesse trabalhar era remunerado por isso", justificou.

Além destes argumentos contra o horário transitório, o movimento Juntos pelos Trabalhadores da Autoeuropa diz ainda que os funcionários da fábrica de Palmela esperavam ter uma melhoria das condições de trabalho com a vinda de um veículo de grande volume de produção, como é o caso do novo T-Roc, mas alega que está a acontecer o contrário e considera que os trabalhadores "vão ficar ainda pior do que estavam".

A Autoeuropa prevê atingir uma produção de 240.000 veículos em 2018, o maior número de sempre de veículos produzidos na fábrica de automóveis da Volkswagen em Palmela.

Sugerir correcção
Ler 3 comentários