Apoiantes de Khamenei nunca o deixarão sozinho na luta contra os seus inimigos

As ruas de Teerão encheram-se de manifestantes pró-governamentais, que juraram fidelidade ao Guia Supremo do Irão. Nas tradicionais orações de sexta-feira, pediu-se a pena de morte para aqueles que queimam bandeiras do país.

Apoiantes de Khamenei saíram à rua pelo terceiro dia
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Apoiantes de Khamenei saíram à rua pelo terceiro dia LUSA/ABEDIN TAHERKENAREH
Teerão foi o maior palco das manifestações pró-regime
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Teerão foi o maior palco das manifestações pró-regime LUSA/ABEDIN TAHERKENAREH
O Ayatollah Ahmad Kathami dirigiu as orações de sexta-feira
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O Ayatollah Ahmad Kathami dirigiu as orações de sexta-feira LUSA/ABEDIN TAHERKENAREH
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Num novo dia de protestos em Teerão, foram os apoiantes do regime islâmico que saíram à rua aos milhares, para jurar a sua fidelidade ao Presidente, Hassan Rouhani, e ao Guia Supremo, ayatollah Ali Khamenei, e denunciar os manifestantes que conspiram contra o Governo alegadamente por estarem a ser manipulados pelos Estados Unidos através das redes sociais.

Repetindo palavras de ordem de “Morte à América” e “Morte a Israel”, e vivas ao Guia Supremo do Irão, os manifestantes garantiram que nunca deixarão Khamenei “sozinho na sua luta contra os nossos inimigos”. Na transmissão feita pela televisão estatal, exigia-se a punição dos “arruaceiros que a mando do estrangeiro convocaram protestos ilegais para insultar a nossa religião e as nossas autoridades”.

A mesma mensagem tinha sido veiculada durante as tradicionais orações de sexta-feira ao meio-dia, as mais importantes da semana, dirigidas pelo poderoso ayatollah Ahmad Khatami, uma das vozes da linha dura do regime, atacou todos aqueles que queimam a bandeira do Irão – que na sua opinião mereciam a pena de morte – e usam redes sociais manipuladas pelos EUA para semear a agitação.

Ao mesmo tempo, Khatami defendeu um tratamento mais clemente para os “iranianos comuns que estão a ser enganados pelos americanos” e pediu ao Governo para “mostrar maior atenção aos problemas económicos das pessoas”.

O Irão vive desde 28 de Dezembro uma onda de protestos anti-governamentais, que se alastrou por mais de 80 cidades, motivados pelo descontentamento com o custo de vida, o desemprego, as desigualdades e a corrupção. Mais de 20 pessoas morreram e pelo menos mil foram detidas pelas autoridades. Teerão acusou a Administração norte-americana de estar por trás do conflito: citado pela agência estatal IRNA, o procurador-geral, Mohammad Jafar Montazeri, diz que os protestos foram uma operação concertada, planeada por um agente da CIA com o apoio da Mossad e financiamento da Arábia Saudita.

O Conselho de Segurança das Nações Unidas reunia esta sexta-feira numa sessão de emergência convocada pelos EUA para debater “a situação perigosa e preocupante” no Irão – e que mereceu o protesto formal da Rússia. Horas antes do início da sessão, o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros, Sergei Riabkov, censurou a “política de interferência nas questões internas de outros países seguida pelos EUA, que usam o pretexto da preocupação com a democracia e os direitos humanos para interferir directamente na soberania dos Estados”.

Entretanto, o Departamento do Tesouro dos Estados Unidos acrescentou o nome de mais cinco subsidiárias do grupo industrial iraniano Shahid Bakeri, envolvido no desenvolvimento e produção de mísseis balísticos, à sua lista de entidades abrangidas pelo regime de sanções. O logotipo do fabricante era visível nas imagens com fragmentos de mísseis, alegadamente disparados pelos rebeldes houthi do Iémen contra a Arábia Saudita, divulgadas pela embaixadora norte-americana na ONU, Nikki Haley, como prova do envolvimento do país no ataque.

“As sanções abrangem entidades participantes no programa balístico do Irão, que o regime privilegia acima do bem-estar da população. Enquanto o povo iraniano sofre, o seu Governo e os Guardas da Revolução financiam combatentes estrangeiros, grupos terroristas e abusam dos direitos humanos”, justificou o responsável do Tesouro, Steve Mnuchin, ao anunciar as novas medidas.

A Administração norte-americana, que já manifestou o seu apoio aos grupos que protestam contra o regime, deverá decidir até ao fim da próxima semana se aceita a certificação do cumprimento do acordo nuclear assinado entre o Irão e a comunidade internacional em 2015, e que implicou a suspensão das sanções aplicadas a Teerão por causa do seu programa nuclear. O Presidente, Donald Trump, já por várias vezes indicou a sua intenção de denunciar o acordo.

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