Jorge Coelho tece duras críticas ao secretismo com que a lei foi alterada

Antigo ministro socialista diz não ter dúvidas que Presidente da República vai vetar alterações.

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ADRIANO MIRANDA

O socialista Jorge Coelho teceu duras críticas na noite de quinta-feira à forma como os partidos aprovaram as alterações à lei do financiamento partidário. “Isto é mau demais para ser verdade”, afirmou o antigo ministro das Obras Públicas do governo de António Guterres, no programa Quadratura do Círculo da SIC Notícias.

Coelho salientou que as suas críticas não se devem ao modelo nem às alterações em si, mas à forma como tudo foi feito: a questão está no “modelo” que os partidos “encontraram para este tema”. “Convenceram-se, no fim do ano de 2017, que é possível tratar de uma matéria de uma complexidade destas de forma mais ou menos secreta. É não estarem a perceber aquilo que é hoje a vida pública, que exige total transparência e informação ao cidadão.”

Jorge Coelho lembrou que os partidos não se entendem “em matérias como a Segurança Social, a Saúde e a Educação”, e em “tudo o que é sólido e vivo na vida dos portugueses”, mas entenderem-se na questão do financiamento partidário.

O antigo homem forte do PS disse não ter dúvidas Marcelo Rebelo de Sousa irá vetar o diploma: “Neste momento, vão conseguir que, para resolver um problema, vai haver um veto. O Presidente da República vai vetar a lei, é uma evidência — do meu ponto de vista — total e, se por ventura o diploma tiver de ser votado de novo no Parlamento, eu acho que já não há nenhum partido que vote a favor dele. Como ninguém se autoproclama dono daquilo, acho que já não há ninguém a propô-lo.”

“É um mau serviço que é prestado à democracia e um mau serviço prestado àquilo que é imagem dos políticos e da vida política perante o país que, do meu ponto de vista, é muito mau”, afirmou ainda Jorge Coelho.

Lobo Xavier e Pacheco Pereira, os outros dois comentadores do programa, também teceram duas críticas à forma como os partidos alteram a lei.

A leviandade, segundo Mendes

Ainda na SIC, Marques Mendes classificou a aprovação da nova lei de "vergonha completa" e acusou o PSD de "leviandade", porque sem o PSD as alterações não teriam avançado. "A lei até poderia ser boa - acho que não é - mas feita às escondidas é uma lei péssima. A democracia é transparência, a democracia é clareza", disse o ex-líder do PSD.

Mendes criticou ainda o facto de "estes partidos não se conseguem entender sobre nada de importante para o país, mas foram capazes de se entender sobre os seus interesses próprios. O PSD anda a dizer que não é muleta do Goerno e depois é muleta do PS, do BE, do PCP,  de toda a gente".

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