Arábia Saudita intercepta míssil disparado pelos houthis

Rebeldes iemenitas tentaram atingir o território saudita duas vezes desde o início de Novembro.

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Míssil tinha como alvo Riad Reuters/FAISAL AL NASSER

A Arábia Saudita diz ter interceptado um míssil disparado a partir do Iémen e que tinha como alvo o palácio real na capital, Riad. Os rebeldes houthis confirmaram o lançamento do míssil, o segundo desde o início de Novembro, e dizem que o conflito com o reino saudita “entrou num novo capítulo”.

De acordo com os rebeldes, o objectivo era atingir “uma reunião da liderança do regime saudita no Palácio de al-Yamama”, a residência oficial do rei Salman. O ataque aconteceu poucas horas antes de ser anunciado o Orçamento anual, numa conferência de imprensa em que deviam participar alguns dos ministros sauditas mais importantes.

O míssil foi interceptado a sul da capital e nas redes sociais várias pessoas publicaram imagens em que é possível ver o fumo causado pela destruição do projéctil.

Este é o segundo míssil que os houthis disparam na direcção do território saudita desde o início de Novembro. A embaixadora dos EUA nas Nações Unidas acusou na semana passada o Irão de ter fornecido os mísseis aos seus aliados houthis, apresentando os restos do que diz ser o míssil disparado contra Riad no início do mês passado.

A Arábia Saudita lidera uma coligação regional, apoiada pelos EUA, que nos últimos dois anos tem bombardeado posições defendidas pelos houthis no Iémen, que combatem o Governo internacionalmente reconhecido. Riad acusa os houthis de serem apoiados pelo Irão, que é o grande rival dos sauditas pela hegemonia regional.

A frequência dos lançamentos de mísseis pelos rebeldes iemenitas indica uma escalada no conflito. “Entrámos claramente num período em que há uma ameaça directa a centros populacionais sauditas, mesmo com os seus sistemas de defesa anti-míssil”, comentou ao Washington Post Crispin Hawes, director da empresa de análise de risco Teneo Intelligence, de Londres. “Há um esforço concertado do Governo saudita para tentar forçar acção contra o Irão”.

Os ataques aéreos da coligação mataram pelo menos 136 civis desde 6 de Dezembro, revelou esta terça-feira o porta-voz para os direitos humanos das Nações Unidas, Rupert Colville. Esta guerra já causou mais de dez mil mortos e criou a mais grave crise humanitária no planeta.

 “Os sauditas começaram esta guerra. A nossa resposta irá continuar e aumentar, seja através de ataques no interior da Arábia Saudita, alvejando posições militares a partir de onde os caças sauditas voam, seja contra bases militares dentro do território iemenita”, tinha dito no mês passado o porta-voz dos houthis, Mohammed Abdul Salam, numa entrevista à Al Jazira.

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