Martin Schulz quer o Ministério das Finanças num governo com Merkel

Negociações entre o SPD e a CDU estão a começar e sociais-democratas prometem exigir políticas de esquerda.

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O líder do SPD diz que o Ministério das Finanças é o que conta Axel Schmidt/REUTERS

Os sociais-democratas alemães (SPD) querem ter o Ministério das Finanças para governarem outra vez com a CDU de Angela Merkel, noticiou o jornal económico alemão Handelsblatt. Martin Schulz avisa que os militantes do partido de centro-esquerda não aprovariam uma nova “grande coligação” com os conservadores se houver demasiadas cedências nas suas promessas eleitorais.

O SPD e a CDU iniciaram um período de negociações prévias para saber se será possível vir a formar uma coligação. Mas os sociais-democratas tiveram a 24 de Setembro o pior resultado eleitoral desde 1993 após terem passado os últimos quatro anos no Governo com Angela Merkel – por isso estão obviamente de pé atras. Os militantes do SPD terão a palavra final sobre qualquer acordo negociado pelos líderes, num novo congresso (como aconteceu já no último acordo).

Wolfgang Schäuble liderou o Ministério das Finanças nos últimos anos, mas agora é presidente do Parlamento – quem está a desempenhar o cargo interinamente é Peter Altmaier, até agora chefe de gabinete de Angela Merkel. Também Christian Lindner, o líder do Partido Liberal Democrata, com quem a CDU teve negociações fracassadas para uma coligação, a que se juntava também Os Verdes, ambicionava ter este posto-chave.

O Handelsblatt cita Martin Schulz, numa reunião do partido, dizendo que, nesta fase de negociações exploratórias, “o objectivo é ficar com o Ministério das Finanças”. Na coligação anterior, o SPD tinha os Negócios Estrangeiros e a Economia, entre outros ministérios.

Se o SPD conseguisse de facto as Finanças, seria de esperar mudanças importantes na política europeia alemã: a tónica deveria deixar de estar na austeridade e passar para o investimento. A campanha eleitoral dos sociais-democratas alemães teve como mote a justiça social, e estes defendem mais investimento tanto na Europa como na Alemanha. Lars Klingbeil, secretário-geral da SPD, disse à Reuters, que o partido vai exigir políticas de esquerda.

A chanceler não comentou estas notícias, mas disse esperar que até meados de Janeiro esteja terminada esta fase das negociações, para que SPD e CDU – e o seu partido gémeo da Baviera, a CSU – possam negociar a formação de um novo governo de coligação. “Queremos construir um governo estável”, afirmou Angela Merkel. A sua meta é que o novo executivo esteja formado até Março.

Essa foi a data com a qual Merkel se comprometeu, aliás, a alinhavar com o Presidente francês, Emmanuel Macron, propostas conjuntas para reformar as instituições da zona euro.

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