Trabalhadores dizem que mudança para o Porto não está em qualquer documento

Comissão de Trabalhadores do Infarmed alertou que, desde o anúncio feito na terça-feira, já se registam "impactos" na actividade da autoridade nacional do medicamento. PSD já pediu para ouvir ministro da Saúde no parlamento.

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António Costa afirmou que a transferência do Infarmed para o Porto era um "dos critérios para trazer para Portugal" a Agência Europeia do Medicamento LUSA/MIGUEL A. LOPES

A Comissão de Trabalhadores do Infarmed assegurou esta sexta-feira que a transferência para o Porto não consta de qualquer documento e alertou que, desde o anúncio feito na terça-feira, já se registam "impactos" na actividade da autoridade nacional do medicamento. O PSD, no final de uma reunião com os trabalhadores, pediu para ouvir o ministro da Saúde no parlamento e desafiou o Governo a apresentar um documento que demonstre que a decisão foi tomada antes da candidatura à Agência Europeia do Medicamento (EMA, na sigla em inglês).

No final de uma reunião com o grupo parlamentar social-democrata, o coordenador da Comissão de Trabalhadores do Infarmed, Rui Spínola, salientou que quer no Plano Estratégico da entidade para 2017-2019, homologado em 29 de Setembro, quer da candidatura à EMA, entregue em 31 de Julho "nada consta" sobre essa hipótese de transferência.

"Em nenhum documento da candidatura à EMA consta qualquer menção ao facto do Infarmed ir para o Porto ou qualquer outra cidade", salientou Rui Spínola. Estas declarações surgem depois do primeiro-ministro, António Costa, ter dito esta quinta-feira, em entrevista à Antena 1, que a decisão de transferir a sede do Infarmed para o Porto já estava tomada e admitiu que a comunicação feita aos trabalhadores "não foi a melhor".

António Costa afirmou que a transferência do Infarmed estava integrada na candidatura do Porto à sede do Agência Europeia do Medicamento e era um "dos critérios para trazer para Portugal e, em concreto, para o Porto, a sede da Agência Europeia do Medicamento".

Assegurando que nada os move contra a cidade do Porto, os trabalhadores do Infarmed entregaram ao PSD - esta sexta-feira reunem também com as bancadas do PCP e do BE e serão recebidos pela deputada do CDS-PP Teresa Caeiro - "documentos com razões objectivas do impacto que está a ter, desde o dia em que foi anunciado, para a actividade do Infarmed e para Portugal".

Instando a concretizar de que impacto fala, Rui Spínola escusou-se a adiantar pormenores, dizendo que, internamente, foram criados grupos de trabalho e que irá ser produzido um relatório final, sem adiantar data prevista para a sua conclusão.

Rui Spínola adiantou apenas que esses impactos se fazem sentir "em todas as áreas, quer financeira, quer de impacto ao nível pessoal, quer impacto na actividade".

Ainda assim, a Comissão de Trabalhadores do Infarmed assegurou que a autoridade nacional do medicamento continuará a desempenhar a sua missão e considerou que a posição que têm é partilhada pelos portugueses.

Os trabalhadores do Infarmed pediram também uma audiência ao Presidente da República.

PSD quer ministro no parlamento

"Desafio o ministro da Saúde, o primeiro-ministro a comprovarem que existe um documento verdadeiro, datado, anterior, que demonstre que esta decisão é uma decisão pensada, e que estava prevista antes da candidatura à EMA ", apelou o vice-presidente da bancada do PSD Miguel Santos, no final de uma reunião com a Comissão de Trabalhadores.

O PSD quer ainda chamar o ministro da Saúde ao parlamento "para tentar que explique de uma forma mais verdadeira os fundamentos desta decisão", afirmou Miguel Santos, anunciando que o partido irá também solicitar ao Conselho Directivo do Infarmed uma visita dos deputados às instalações.

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