Depois das obras, o Elevador de Santa Justa vai ganhar um museu

Quem espera para subir na rua do Ouro, encontra uma entrada de cara lavada. Com a reabilitação da estrutura, feita ao longo dos últimos oito anos, foram gastos quase um milhão de euros. Mas as intervenções no elevador vão continuar com a transformação da casa das máquinas em museu.

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É “um ponto privilegiado de observação” da cidade, integra o roteiro de qualquer um que queira visitar Lisboa, e há muito que deixou de ser um mero meio de transporte para quem queria ir da Baixa para o Carmo. Hoje, o Elevador de Santa Justa recebe um milhão de visitantes por ano, estima a Carris, a empresa, agora municipal, que gere a estrutura e que anunciou nesta terça-feiraa conclusão das obras que duram há oito anos e que custaram perto de um milhão de euros.

Aos 115 anos, o Elevador de Santa Justa anda à procura da renovação. No dia em que foi anunciado a intenção de criar um museu no espaço onde hoje as grandes máquinas sustentam os elevadores que transportam os visitantes, a entrada pela rua do Ouro ganhou uma nova cara. No piso térreo do elevador os taipais foram retirados e o corredor à volta das cabines, outrora sujo e escuro, deu lugar a uma zona abrigada para quem aguarda por subir, à qual foi acrescentada uma estrutura metálica que recupera a traça original neogótica do elevador.

Além disso, o projecto do arquitecto Miguel Arruda previu a colocação de painéis informativos com a história do elevador e a criação de dois balcões de venda de merchandising da Carristur, na zona de entrada e saída, debaixo das escadas.

Já entre 2009 e 2016, o monumento sofreu obras de reabilitação da estrutura, iluminação e pintura, com vista à melhoria das condições de segurança do elevador.

"Recuperámos toda a estrutura. Peça por peça, foi revista a sua solidez, foi melhorada a sua conservação e foi realçada a sua beleza através de pintura e através de iluminação", disse o administrador da Carristur (que é detida pela Carris), António Proença, antes de uma visita ao elevador. 

Nessa fase, precisou, foram gastos cerca de 750 mil euros. Já na parte da entrada, que agora ficou pronta, foram investidos 150 mil euros.  As intervenções foram sendo feitas sem encerrar as visitas, ressalvou o responsável. 

Agora, é tempo da tecnologia ocupar o seu lugar num equipamento que é, desde 2002, monumento nacional. É o desafio “de pegar numa peça histórica, um monumento nacional e mantê-lo em actividade, que todos os dias de manhã à noite transporta pessoas”, notou António Proença.

Como alguns dos equipamentos têm mais de 110 anos, o elevador vai ganhar novas máquinas de “comando e tracção das cabines” em 2018 e 2019. Uma intervenção que, aponta António Proença, deverá custar “mais de um milhão de euros” e que vai “duplicar a capacidade de acesso ao elevador”. “Temos de tentar substituir o que ali está para evitar males maiores”, sublinhou.

Com a casa das máquinas, que fica no piso abaixo ao do miradouro, liberta, haverá espaço para que se transforme aquele espaço num museu, ainda sem data prevista para a abertura.

Eléctrico no Carmo 

Para o início do próximo ano, o piso do miradouro, que foi inaugurado a 10 de Julho de 1902, e é um projecto do engenheiro Raul Mesnier de Ponsard, vai ainda voltar ao original e será adornado com luzes LED. 

Nos planos da Carristur, como explicou António Proença, está também a construção de mais duas escadas em caracol – semelhantes às que já existem – para facilitar a subida e descida do miradouro e que, disse, também poderá encurtar as filas de espera. 

Na sessão de apresentação, o administrador da Carristur anunciou ainda a intenção de reactivar a linha de eléctricos no largo do Carmo, permitindo fazer a ligação com o elevador. A obra "está a concurso", referiu António Proença, e se, numa primeira fase, será uma ligação apenas turística, ficam abertas as portas à extensão da circulação das carreiras de eléctricos regulares.

A Carris conta com cinco carreiras de eléctrico em serviço público e dois circuitos turísticos. Segundo referiu o responsável, a Carristur quer expandir os eléctricos turísticos para zonas como as Portas do Sol, a Praça da Figueira, Cais do Sodré, Amoreiras, Campolide e Santa Apolónia.

Também presente no evento, o presidente da Carris, Tiago Farias, assinalou a necessidade de "investir não apenas em eléctricos e autocarros, mas em toda a infra-estrutura que serve diariamente toda a cidade para o transporte público e, naturalmente, em coexistência com o turismo", destacando que a Carris transporta, todos os meses, cerca de dez milhões de passageiros nos autocarros e cerca de um milhão nos eléctricos.

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