Trump, um americano suave no Palácio do Povo

“As relações entre a China e os Estados Unidos estão agora num novo ponto de partida histórico”, disse o Presidente Xi Jinping.

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Truump e Xi no banquete em Pequim THOMAS PETER/Reuters

Nos dois dias que passou em Pequim, Donald Trump foi afectuoso, simpático e tratou até com deferência o Presidente chinês. Como disse a CNN, o chefe de Estado norte-americano foi a Pequim numa “operação de charme” para passar dois recados a Xi Jinping: a relação comercial entre as duas maiores economias do mundo é desequilibrada e tem que ser melhorada a favor dos EUA; a China tem que aumentar a pressão sobre Pyongyang para forçar a Coreia do Norte a abdicar das suas armas nucleares.

Tão eficaz foi a operação de Trump que Xi, que ontem ofereceu um banquete ao Presidente americano no Palácio do Povo (sede do órgão legislativo e lugar de cerimónias oficiais), disse: “As relações entre a China e os Estados Unidos estão agora num novo ponto de partida histórico”.

Trump elogiou a promessa do seu homólogo de que a China vai abrir mais a sua economia às empresas estrangeiras. Os dois líderes anunciaram a assinatura de acordos comerciais que rondam os 250 mil milhões de euros.

Usando um tom muito mais brando do que o habitual, Trump lamentou a dificuldade no acesso ao mercado chinês, mas deixou claro que responsabilizava os seus antecessores em Washington, não Pequim, pelo desequilíbrio comercial e elogiou repetidas vezes o seu homólogo, considerando-o “um homem muito especial”. “Vamos fazer [comércio] justo e será excepcional para ambos”, disse Trump.

Xi sorriu quando Trump disse que não responsabiliza a China pelo défice na balança comercial e também quando afirmou que o Presidente chinês faz as coisas acontecerem. “É claro que há algumas fricções, mas, com base na cooperação vantajosa e na concorrência leal, esperamos poder resolver todas essas questões de forma franca e negociada”, disse o Presidente chinês. “Manter a abertura é a nossa estratégia de longo prazo. Nunca vamos estreitar ou fechar as nossas portas. Vamos alargá-las ainda mais”, afirmou.

Quanto à Coreia do Norte, Trump declarou que “a China pode resolver este problema de forma rápida e fácil” — pediu a Pequim para reduzir as ajudas financeiras àquele país e exortou a Rússia a fazer o mesmo. Xi Jinping não fez promessas.

Donald Trump está hoje no Vietname, onde participa, até sábado, no Fórum de Cooperação Económica da Ásia-Pacífico (APEC), que decorre em Danag. Foi anunciado que, à margem da cimeira, o Presidente americano se reuniria com o chefe de Estado russo, Vladimir Putin — ontem, porém, as duas partes recusaram confirmar o encontro.     

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