Legionella: corpos das duas vítimas mortais são hoje entregues às famílias

A família de uma das duas vítimas mortais do surto de Legionella esteve toda a manhã junto ao Instituto de Medicina Legal para exigir rapidez na devolução do corpo. Ministério Público e ministro da Saúde já lamentaram o sucedido, mas justificam a importância das autópsias para a investigação.

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LUSA/ANTÓNIO COTRIM

Os corpos das duas vítimas mortais do surto de Legionella, que se encontram a ser autopsiados por ordem do Ministério Público, podem ser devolvidos às famílias desde o início da tarde desta quarta-feira. O Ministério da Justiça informou que as autópsias foram concluídas "às 13 horas e os corpos estão desde essa hora prontos para serem levantados".

Os familiares de uma das vítimas, uma mulher de 70 anos que morreu nesta segunda-feira, estiveram toda a manhã junto ao Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses, em Lisboa, para exigir rapidez na devolução do corpo, explicou uma das familiares. Joana Araújo, neta de 22 anos, acrescentou que a família espera conseguir realizar o funeral nesta quinta-feira, de manhã.

As duas cerimónias fúnebres tinham sido adiadas para que se realizassem as autópsias, ordenadas pelo Ministério Público (MP).

A ordem do tribunal foi conhecida na terça-feira. O MP, que abriu uma investigação às duas mortes, na sequência do surto de Legionella do Hospital S. Francisco Xavier, ordenou as autópsias às duas vítimas mortais por considerar estas diligências "essenciais" para a investigação. Na sequência dessa ordem, o corpo da mulher de 70 anos foi recolhido pela PSP quando estava a decorrer o velório.

Em comunicado, enviado na noite desta terça-feira, o MP lamentou o sucedido e esclareceu que teve de recolher elementos para identificar as vítimas por não ter recebido qualquer comunicação de óbito. No entanto, o Hospital de Santa Maria, onde morreu a mulher de 70 anos, garantiu que foram cumpridos "os procedimentos internos e externos" no que se refere ao processo de libertação do corpo.

Contudo, disse à Lusa o presidente do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público, os hospitais devem contactar o MP quando percebem que as causas de morte dos seus doentes estão a ser investigadas. Não podendo comentar em caso concreto o caso das mortes por legionella, António Ventinhas reconheceu que podem existir dificuldades na interpretação da lei sobre os mecanismos de comunicação ao MP e até surgirem "situações de fronteira" em que os hospitais hesitem nos procedimentos a adotar. Mas, reforçou o magistrado, em "caso de dúvida" a morte deve ser comunicada.

Ministro lamenta a "perturbação"

O ministro da Saúde lamentou o "incómodo e perturbação" causado à família da vítima que se encontrava a ser velada e lembrou que "é fundamental que o Ministério Público cumpra o seu trabalho e compreenda o que falhou ou correu mal" no Hospital S. Francisco Xavier.

Fonte do Comando Metropolitano da PSP de Lisboa notou também, à agência Lusa, que a situação foi "difícil de gerir". "Dizer que é uma situação muito sensível é pouco e foi difícil de gerir. Foi desconfortável, mas teve de se cumprir", disse a mesma fonte. Com Lusa

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