Em Nova Iorque há uma guerra entre strippers e empregadas de balcão

As dançarinas dos bares de strip da cidade norte-americana dizem que os clientes já não as conseguem distinguir das empregadas de balcão com trajes cada vez menores, que são acusadas de lhes roubar o dinheiro. E já foi marcada uma greve em protesto pela situação.

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Shannon Stapleton/Reuters

Em Nova Iorque, o paradigma dos bares de strip está a mudar. Um novo tipo de bartenders está a revoltar as dançarinas destes locais e já levou até à marcação de uma greve de strippers. Estas acusam as empregadas de balcão de se vestirem como strippers, de serem particularmente activas nas redes sociais para atraírem clientes e de, basicamente, lhes roubarem o rendimento.

Segundo uma reportagem do Washington Post, esta nova tendência iniciou-se há cerca de cinco anos quando as redes sociais, particularmente o Instagram, começaram a ser utilizadas como um meio de recrutamento. Ou seja, se antes as bartenders eram escolhidas pela sua mestria no serviço, agora são contratadas pelos seus atributos físicos e promovidas para atrair cada vez mais clientes. Daí até que se vestissem como as próprias strippers foi um pequeno passo. Por isso, actualmente, muitos clientes vão a este tipo de bares não tanto pelas dançarinas mas pelas mulheres que estão a servir ao balcão. Além disso, segundo os relatos obtidos pelo jornal norte-americano, os clientes já mal conseguem distinguir quem são as strippers e quem são as bartenders.

As strippers argumentam também que aqui há um problema de racismo. É que a maioria das dançarinas são afro-americanas e as bartenders tendem a ser brancas ou latinas.

Mas o principal problema é mesmo o dinheiro que começa a escassear para as dançarinas. Segundo uma stripper ouvida pelo Post, que se intitula Panama, antes conseguia receber milhares de dólares por noite. Agora, os ganhos não ultrapassam os 400.

Além disso, as strippers sempre tiveram de pagar ao clube para o qual trabalham pelo menos 50 dólares do total que ganham. Nos grandes eventos, esta contribuição pode chegar aos 150 ou 250 dólares. Ora, esta espécie de taxa não é aplicada às bartenders.

Por tudo isto, está aberta a guerra entre, por um lado, as strippers e, por outro, as bartenders e os promotores dos bares que contratam e promovem cada vez mais as empregadas de balcão, pois são estas que, cada vez mais, atraem os clientes aos clubes.

E a primeira batalha é a convocação de uma greve de strippers em Nova Iorque. Está em marcha há uma semana, não sendo conhecido para já o impacto da medida.

Em termos legais, explica a imprensa norte-americana, as dançarinas têm também as mãos atadas. A resolução dos conflitos laborais nestes casos é particularmente difícil. Isto porque as strippers são trabalhadoras independentes que prestam serviço aos bares a título individual, e não existe legislação laboral que as proteja colectivamente. Mona Marie, uma das organizadoras da greve, explica ao Post: “Não há sindicato nem recursos humanos, mas isto também é um emprego e [as strippers] querem apenas ser respeitadas”.

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