PS/BE – a aliança inevitável?

Com os sinais perigosos que deixam António Costa e Francisco Louçã, por que espera o CDS-PP para fazer valer o seu sentido de Estado e afirmar-se no horizonte como a única solução?

O debate sobre a moção de censura da última semana, ao revelar que António Costa na próxima legislatura prevê constituir Governo com o BE, mostrou o racional do urgente realinhamento geopolítico do centro-direita. A afirmação do primeiro-ministro no plenário foi clara: “(…) os votos do PS e do BE ainda não formam uma maioria nesta Assembleia (…)”, antevendo essa possibilidade num futuro executivo.

Em setembro de 2016 defendi publicamente, como imperativo categórico, que o CDS-PP devia dar prioridade a um combate sem tréguas ao cenário cada vez menos inverosímil, nas próximas eleições, de um Governo de coligação PS/BE. Em abril deste ano, reforcei esta ideia e sustentei que no caso de o PS vir a ganhar nas urnas com maioria relativa e precisar de um só partido para governar, o CDS-PP não deverá ser responsável por que aquele fique sem poder de escolha no arco da governação, restando-lhe como única hipótese o BE.

É aqui que o CDS-PP se deve antecipar ao PSD, antes da mudança que Rui Rio se prepara para fazer no centro-direita. Há poucos meses, o antigo coordenador do BE, Francisco Louçã, validaria esta tese, declarando que “Mariana Mortágua, um dia, há de ser ministra das Finanças”.

Com os sinais perigosos que deixam António Costa e Francisco Louçã, por que espera o CDS-PP para fazer valer o seu sentido de Estado e afirmar-se no horizonte como a única solução? Deve mostrar-se disponível, numa próxima legislatura e a bem dos portugueses, para consensos ao centro, numa linha moderada e convergente.

Deixou de ser um dever para ser uma obrigação dos democratas-cristãos, num quadro de garantia da estabilidade governativa e de compromisso social, ajudar a libertar a nação do atual jugo das esquerdas radicais. Num exercício de humildade e responsabilidade democráticas, cabe à direção centrista deixar-se de destrezas políticas, passar a dar o exemplo pela positiva e apontar o caminho da convergência, do diálogo e dos pactos de regime. Este, sim, pode ser o definitivo passo de gigante do CDS-PP no centro-direita português.

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