Jaime Marta Soares reeleito presidente da Liga dos Bombeiros

Criação de uma direcção nacional de bombeiros, independente da Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC), é uma das principais bandeiras.

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Jaime Marta Soares no congresso onde voltou a ser eleito HUGO DELGADO/Lusa

O actual presidente da Liga dos Bombeiros e também candidato da lista B, Jaime Marta Soares, foi eleito este sábado para o terceiro mandato na liderança da liga. A eleição decorreu no âmbito do 43.º Congresso Nacional da Liga dos Bombeiros Portugueses, que se estende até domingo, em Fafe.

Jaime Marta Soares, presidente desde 2011, recolheu 438 (73%) dos 603 votos e superou os 127 (21%) atribuídos à lista A, encabeçada por José Barreira Abrantes. Houve ainda 30 votos brancos e oito nulos. Jaime Marta Soares, que irá agora guiar o organismo até 2021, obteve uma percentagem superior à da sua primeira eleição, no congresso do Peso da Régua, quando chegou aos 54%, e à de 2014, em Coimbra (66%), ambas disputadas com Joaquim Rebelo Marinho.

Num breve discurso de vitória, Jaime Marta Soares reiterou que o congresso foi uma oportunidade de “afirmação dos valores” dos bombeiros e constatou que todos os bombeiros são poucos para as tarefas que têm de levar a cabo, analisando as eleições como um lugar de “confronto de ideias e de pontos de vista para se poderem atingir objetivos interessantes”.

Legitimado novamente pelos bombeiros de todo o país, Marta Soares tem na criação de uma direcção nacional de bombeiros “autónoma, independente e com orçamento próprio”, por intermédio da alteração da lei orgânica da Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC), uma das suas principais bandeiras para o terceiro mandato na Liga.

Logo após a sessão solene de abertura do congresso, o presidente reeleito assinalou que outras forças de protecção civil, como a GNR, a PSP, o Exército e a Marinha, são apoiadas pelas “verbas do Orçamento do Estado” e têm assim condições de “efectivamente se desenvolverem”, ao contrário dos bombeiros, o “maior agente de protecção civil”. E exigiu “respostas concretas” ao Governo sobre o papel dos bombeiros no âmbito da reforma da Protecção Civil. Na plateia estava Eduardo Cabrita, ministro da Administração Interna.

O responsável máximo do organismo inclui ainda entre as propostas para o próximo quadriénio o reconhecimento do grau de instituto superior à Escola Nacional de Bombeiros. Instituição que, a seu ver, deve garantir “uma oferta descentralizada e gratuita”.

Entre as medidas que o dirigente reeleito pretende ver concretizadas, encontram-se ainda o reforço do financiamento às corporações, a adopção do contrato colectivo de trabalho pelas corporações que assim o quiserem, a criação do cartão social do bombeiro, a entrada da liga no conselho directivo do INEM e também a criação de “comissões distritais de reequipamento", abrangendo “áreas fundamentais para os corpos de bombeiros”, entre elas viaturas, quartéis e fardamento.

Por outro lado, Jaime Marta Soares criticou a Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC), alegando que a instituição teve uma atitude de comando em relação aos bombeiros durante os incêndios de 15 e 16 de Outubro, que lavraram no Norte e no Centro do país e causaram 45 mortes.

Defensor de algumas causas semelhantes às de Marta Soares, como a criação da direcção nacional de bombeiros, independente da ANPC, e o reforço do papel da Escola Nacional de Bombeiros, José Barreiras Abrantes convidou os bombeiros a fazerem uma “reflexão cuidada” sobre o seu papel, após conhecidos os resultados das eleições, e disse ter a “honra” de ter na sua lista “gente nova com ideias novas”, disponíveis para “integrar futuras listas”.

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