O Papa falou com astronautas no espaço e perguntou-lhes sobre o lugar do homem no Universo

Na conversa com os seis astronautas na Estação Espacial Internacional, a 400 quilómetros de altitude, falou-se do que os levou ir para o espaço e de cooperação.

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Papa Francisco a fazer perguntas aos seis astronautas L'Osservatore Romano/Reuters

Na manhã desta quinta-feira, a voz do Papa Francisco chegou ao espaço, ou como quem diz à Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês). A conversa entre o chefe da Igreja Católica e os seis astronautas da ISS decorreu durante cerca de 25 minutos e em várias línguas.

Na Terra estava o Papa Francisco sentado à frente a uma mesa e de um ecrã. No espaço estavam os seis astronautas posicionados em duas filas. Eram: Paolo Nespoli, Alexander Misurkin, Randy Bresnik, Mark Vande Hei, Serguei Ryazanski e Joseph Acaba. Sempre em italiano, o Papa fez uma espécie de entrevista aos habitantes da ISS, que lhe responderam em italiano, russo ou inglês. Paolo Nespoli, o único italiano a bordo, traduziu o que os colegas disseram para o Papa.

“À luz da vossa experiência no espaço, qual é o vosso pensamento sobre o lugar do homem no Universo?”, perguntou Francisco. Paolo Nespoli logo lhe respondeu: “Santo Padre, esta é uma pergunta complexa. Sinto-me uma pessoa da técnica, um engenheiro.” E frisou que estes assuntos são muito delicados e que o seu objectivo ali é o do conhecimento. Sugeriu ainda que talvez filósofos e escritores que consigam ir ao espaço no futuro possam responder melhor a essa pergunta.

O Papa também pôs questões para satisfazer a sua curiosidade, como próprio destacou. Quis então saber o que os levou a ser astronautas e o que os faz gostar de estar na Estação Espacial Internacional. O russo Serguei Ryazanski disse, em inglês, que está a seguir os passos do seu avó, que trabalhou no lançamento do primeiro satélite artificial lançado nos anos 50, o Sputnik.

Já o norte-americano Randy Bresnik disse: “Na minha opinião, o que me dá prazer em cada dia é olhar para fora e ver a criação de Deus na sua perspectiva”, afirmou, acrescentando que é um prazer contemplar a serenidade do nosso planeta e não ver fronteiras nem conflitos, apenas a paz. Com isto, ainda destacou quão frágil sente que é a nossa atmosfera e a nossa própria existência. “Trabalhamos aqui na ISS numa parceria internacional e é um exemplo do que podemos conseguir juntos.” 

Por isso, o Papa também quis saber, numa sociedade que é tão individualista como a nossa, como era o exemplo de colaboração dos astronautas. “A Estação Espacial Internacional é um grande exemplo de colaboração internacional”, concordou o norte-americano Joseph Acaba, referindo a participação de países como o Japão, o Canadá, os Estados Unidos, a Rússia e países da Europa. “A nossa diversidade é o que nos faz fortes”, resumiu. “A totalidade é maior do que a soma das partes”, rematou mais tarde o Papa.

“Obrigado, caros amigos, ou diria mesmo caros irmãos, porque vos sentimos como os representantes de toda a família humana no grande projecto de investigação que é a estação espacial. E obrigado por este diálogo que muito me enriqueceu”, assim lhes agradeceu já no final. “Garanto-vos que rezarei por vocês e, por favor, rezem por mim”, despediu-se. 

Esta conversa de um Papa com astronautas na ISS não é uma estreia. Em 2011, o Papa Bento XVI já o tinha feito e Paolo Nespoli, agora pela terceira vez na ISS, também lá estava. E, tal qual como agora, também todo o mundo pôde assistir online a esta conversa da Terra para o espaço. 

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