Google deixa de exigir que sites tenham artigos grátis no motor de busca

Muitos utilizadores pesquisam pelos artigos como forma de evitar as paywalls.

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O Google recomenda que as publicações disponibilizem dez artigos grátis por mês Dado Ruvic/Reuters

O Google vai acabar com a política do "primeiro clique grátis", que permitia aos leitores evitarem as barreiras de pagamentos de alguns sites de notícias com um modelo de subscrição (conhecida por paywall em inglês).

Desde 2005 que a empresa de tecnologia exigia que os órgãos de informação que quisessem aparecer no topo dos resultados do Google disponibilizassem um determinado número de artigos grátis para os leitores que chegassem a eles através do motor de busca.

O sistema – conhecido pela expressão inglesa first click free – foi criado para ajudar os utilizadores a aceder rapidamente a notícias de qualidade, permitindo que sites de notícias pagos fossem descobertos através de pesquisas no Google. Porém, muitos utilizadores utilizam o sistema para evitar as paywalls (por exemplo, ao colar o título da notícia no motor de busca).

Depois de sucessivas queixas de empresas de media, o número de artigos exigidos pelo Google foi diminuindo ao longo dos anos (em 2009 passaram a cinco, e em 2015, a três). A partir desta semana, não há artigos grátis obrigatórios.

“Vamos terminar a nossa política de 'primeiro clique grátis' em detrimento de um modelo de amostra flexível onde os editores podem decidir quantos artigos – caso queiram proporcionar algum – querem disponibilizar aos potenciais subscritores com base nas estratégias de negócio de cada um”, lê-se num comunicado do Google publicado esta segunda-feira.

Há meses que a empresa planeia a medida através de várias reuniões com órgãos de informação. Em Fevereiro, a polémica em torno da política do primeiro clique grátis atingiu um novo pico depois de o jornal americano Wall Street Journal abandonar o sistema (deixando de aparecer frequentemente nos primeiros resultados do Google) porque havia muitos leitores a evitar consistentemente a paywall. O jornal tem trabalhado para aumentar a sua exposição a novas audiência ao disponibilizar alguns artigos grátis através de links partilhados nas redes sociais pelos seus jornalistas e trabalhadores.

O Google recomenda que as publicações dêem pelo menos dez artigos grátis por mês. “A abordagem ‘experimente antes de comprar’ destaca o que muitos editores já sabem – é preciso proporcionar algum tipo de amostra gratuita para se ter sucesso na Internet”, diz o vice-director de notícias do Google, Richard Gringras, num comunicado sobre as mudanças. “Se for muito pouco, então, poucos utilizadores vão clicar nos links para esses conteúdos ou partilhá-los”.

A equipa do Google também diz que está a desenvolver formas mais fáceis para os utilizadores do Google subscreverem notícias, que não obriguem a “memorizar várias palavras-chave, ou introduzir informação do cartão de crédito”. A empresa não explica como é que vai simplificar o processo, mas avança que está a olhar para sistemas de inteligência artificial que possam ajudar as empresas de media a reconhecer potencias assinantes e oferecer-lhes uma oferta adequada às suas necessidades.

Além do Google, o Facebook também está a explorar novas formas de financiar o trabalho dos jornalistas. Com as actualizações lançadas no final de Agosto, vai ser possível fazer assinaturas de órgãos noticiosos através dos Instant Articles (a plataforma do Facebook para publicar directamente conteúdos noticiosos na rede social) sem que o Facebook ganhe dinheiro com isso.

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