Atacante de Marselha foi detido por furto dois dias antes do duplo homicídio

O homem, que possuía sete documentos de identificação falsos, não estava no radar da unidade francesa de antiterrorismo. Polícia libertou-o na véspera do ataque, após suspeita de roubo em centro comercial.

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As duas mulheres foram esfaqueadas perto da estação de Saint-Charles LUSA/SEBASTIEN NOGIER
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O homem que foi abatido neste domingo na cidade francesa de Marselha, depois de matar duas mulheres, tinha sido detido pela polícia dois dias antes do crime por suspeitas de roubo – em Lyon, a cerca de 300 quilómetros da cidade — acabando por ser libertado por falta de provas. As autoridades referiram ainda que o atacante tinha pelo menos sete documentos de identificação diferentes mas que não era um dos suspeitos nas listas da unidade antiterrorismo francesa, ainda que o ataque tenha sido reivindicado pelo Daesh.

O procurador da República francês, François Molins, disse nesta segunda-feira que o criminoso tinha apresentado um passaporte tunisino quando foi detido pela polícia na sexta-feira, em Lyon, por se suspeitar que tivesse roubado um casaco. Por falta de provas, acabou por ser libertado no sábado, um dia antes do ataque.

Na altura em que foi detido, o homem disse que vivia em Lyon, que era sem-abrigo, divorciado e que tinha problemas com consumo de droga. Também de Lyon eram as mulheres esfaqueadas; as duas tinham 20 anos e eram primas. O ministro do Interior francês, Gérard Collomb, explicou aos jornalistas que o atacante fugiu depois de esfaquear a primeira vítima mas que regressou ao local, acabando por ferir mortalmente a segunda mulher.

Investigação em curso para apurar verdadeira identidade

O homem não tinha o passaporte tunisino consigo no momento do ataque. Segundo o procurador, o atacante tinha utilizado sete identidades diferentes desde 2005, nas vezes em que foi interpelado pela polícia por roubos ou irregularidades na sua documentação. Uma fonte policial referiu ainda que as análises às impressões digitais do suspeito coincidiram com diferentes registos, escreve a Reuters.

No passaporte tunisino, a indicação era de que o homem, chamado Ahmed H., tinha nascido em 1987. Ainda assim, o procurador francês pede cautela e refere que as investigações estão em curso para averiguar a autenticidade do documento e qual a verdadeira identidade do homem.

Molins confirmou ainda que o homem gritou “Allahu Akbar” (Deus é grande, em árabe), antes de atacar as duas jovens. A investigação para apurar as ligações do suspeito a grupos terroristas e a forma como planeou o ataque estão a ser feitas sobretudo com base num telemóvel que o agressor trazia consigo.

“Para mim, é um atentado. Duas jovens mulheres foram assassinadas neste local simbólico, marco de uma cidade aberta a todos os horizontes, por um homem que agiu em nome do mal”, disse o presidente da Câmara de Marselha, Jean-Claude Gaudin, citado pelo Le Monde, confirmando que o homem tinha vários documentos de identificação e que era desconhecido das autoridades antiterrorismo.

Os militares que responderam ao ataque, inclusive o que abateu o suspeito, já se encontravam na principal estação da cidade, integrados na operação Sentinela – lançada depois dos ataques de Paris, tem quase dez mil soldados e 5000 guardas e polícias a patrulhar as ruas e a proteger vários locais de risco. França encontra-se em estado de emergência desde os atentados terroristas de Novembro de 2015, em Paris. Desde o início desse ano, morreram já mais de 240 pessoas no país em vários ataques reivindicados pelo Daesh.

“Profundamente indignado por este acto bárbaro”, escreveu o Presidente francês Emmanuel Macron neste domingo, no Twitter, mostrando solidariedade às famílias e amigos das vítimas na cidade do Sul de França e elogiando ainda as forças de segurança “que reagiram com sangue frio e eficácia”.

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