Poeira desenhou um olho azul no espaço

Imagem da Nebulosa de Saturno a surgir da escuridão do espaço divulgada esta quarta-feira foi captada pelo Very Large Telescope (VLT) do Observatório Europeu do Sul (ESO)

Foto
ESO/J. Walsh

O Observatório Europeu do Sul (ESO) descreve a “imagem colorida” como “uma série de bolhas de forma estranha, brilhando em tons de cor-de-rosa e azul”. Sem muito esforço de imaginação, as estranhas estruturas da Nebulosa Saturno, ou nebulosa planetária NGC 7009, assemelham-se a um olho azul e brilhante no céu escuro. A imagem foi captada pelo instrumento MUSE (Multi Unit Spectroscopic Explorer)  montado no Very Large Telescope do ESO (VLT), no âmbito dum estudo que mapeou pela primeira vez a poeira no interior duma nebulosa planetária.

 “A Nebulosa Saturno situa-se a aproximadamente 5000 anos-luz de distância na constelação do Aquário. O seu nome deriva da sua estranha forma, que faz lembrar o planeta com anéis favorito de toda a gente, visto de perfil”, nota o comunicado do ESO. Mas, avisa-se desde logo, as nebulosas planetárias nada têm a ver com planetas. Esta, por exemplo, era “uma estrela de pequena massa, que se expandiu para formar uma gigante vermelha no final da sua vida começando a libertar as suas camadas mais exteriores”.

A combinação de ventos estelares fortes e radiação ultravioleta fizeram “nascer” uma nebulosa que ainda guarda no centro a estrela condenada, o ponto brilhante visível nesta imagem, que está no processo de se tornar uma anã branca. “A Nebulosa Saturno durará apenas algumas dezenas de milhares de anos antes de se expandir e arrefecer tanto que se tornará invisível para nós.”

Para perceber como é que as nebulosas planetárias se moldam nestas formas estranhas, uma equipa internacional de astrónomos, liderada por Jeremy Walsh do ESO, usou o instrumento MUSE (Multi Unit Spectroscopic Explorer) “para observar o interior dos véus de poeira da Nebulosa Saturno”, explica o ESO. O MUSE é um instrumento que está instalado num dos quatro Telescópios Principais do Very Large Telescope no Observatório do Paranal do ESO, no Chile. Onde apenas vemos brilho e cor, o MUSE revelou um mapa com estruturas intricadas na poeira, incluindo conchas, um halo e uma linha em forma de onda.

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