Spike Lee junta-se a Jordan Peele para atacar o Ku Klux Klan

Black Klansman, a adaptação da história verdadeira de um polícia negro que se tornou membro e dirigente do KKK, vai ser adaptada ao cinema num filme de Lee produzido por Jordan Peele, o realizador de Foge.

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O cineasta vai filmar Black Klansman, relato das experiências de um negro infiltrado no KKK
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Reuters/Brad Penner

No final dos anos 1970, um homem negro alistou-se na delegação do Colorado do Ku Klux Klan. Era um detective da polícia chamado Ron Stallworth, respondeu a um anúncio no jornal e fez-se passar por um supremacista branco. Como é que conseguiu tal proeza? Só falava com os membros do KKK à distância e, quando era preciso reunir-se com os colegas cara-a-cara, mandava um homem branco ir por ele. As suas experiências como agente infiltrado foram relatadas no livro de 2014 Black Klansman, levaram-no ao topo da cadeia da organização dessa delegação, a angariar preciosas informações sobre o KKK e a impedir várias acções do grupo de ódio. Agora vão chegar ao cinema pela mão de Spike Lee, que realizará, com a ajuda, na produção, de Jordan Peele. O protagonista será John David Washington, o filho de Denzel Washington que é um dos actores principais de Ballers, a série da HBO que é transmitida em Portugal pelo TVSéries.

Lee tem estado ocupado: em Novembro vai estrear uma expansão de She’s Gotta Have It, o seu primeiro filme de 1986 (que por cá saiu como Os Bons Amantes), em formato de série do Netflix. Peele, por sua vez, notabilizou-se este ano, em que as tensões raciais dos Estados Unidos têm estado à flor da pele, com Foge, a sua estreia na realização, um filme de terror com comédia e comentário social e racial à mistura. A junção dos dois é anunciada pouco depois de a supremacia branca ter voltado a estar na ordem do dia, com manifestações em Charlotesville e o presidente Donald Trump a demonstrar relutância em condenar publicamente os professadores de tais ideologias.

Antes de fazer esse bem-sucedido filme, Peele era conhecido como actor cómico enquanto membro do duo cómico Key & Peele, que passou pela MADtv e, ao longo de cinco temporadas, teve o seu próprio programa de sketches homónimo no canal Comedy Central. O trabalho de Peele a meias com Keegan Michael-Key foi inúmeras vezes comparado com o de Dave Chappelle no seu Chappelle’s Show, do mesmo canal, em que um dos segmentos mais famosos era sobre Clayton Bigsby, um supremacista branco líder do KKK que era na realidade um homem negro cego. Esse não é o único antecedente : o nome The Black Klansman já tinha sido usado num filme de exploitation de 1966, sobre um homem negro que passava por branco e se juntava ao KKK para se vingar da morte da filha. O filme e o livro não estão, contudo, ligados.

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