Tempestade Harvey espalha inundações ao longo de 600 quilómetros

Chuva intensa vai continuar pelo menos até final da semana e já chegou ao estado do Louisiana. Área inundada na região de Houston é dez vezes maior do que a de Lisboa.

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Há 30 mortes confirmadas, mas as autoridades dizem que o balanço final vai ser muito superior Cap. Martha Nigrelle/Guarda Nacional dos EUA/Reuters

Os dias vão passando e grande parte da costa do imenso estado norte-americano do Texas continua a ser inundada por cargas de água nunca vistas no país desde que há registos. O furacão Harvey chegou na sexta-feira da semana passada à cidade de Corpus Christi, a 260 quilómetros da fronteira com o México, atravessou o Texas para deixar debaixo de água Houston e descarrega agora a sua fúria sobre Cameron, já no estado do Louisiana..

O furacão Harvey foi despromovido para a categoria de tempestade tropical assim que chegou ao Texas, vindo do Golfo do México, mas se a força do vento abrandou rapidamente, a quantidade de chuva que caiu sobre as cidades por onde foi passando tem-se mantido em valores históricos – mais do que os estragos provocados pelo vento, são as inundações que têm transformado cidades como Houston num gigantesco lago que ainda não revelou a dimensão total da catástrofe.

Até esta quarta-feira, as autoridades locais contaram pelo menos 30 mortes directamente relacionadas com a passagem do Harvey, mas o balanço final é ainda inimaginável. “É expectável que esse número venha a ser significativamente mais elevado, assim que as estradas voltem a ficar transitáveis”, disse ao jornal The New York Times a responsável médica do condado de Galveston, Erin Barnhart.

Se o furacão/tempestade tropical Harvey fosse normal, seis dias depois de ter chegado a terra as autoridades já estariam a avaliar os danos materiais – ou pelo menos já seria possível ter uma ideia do que tinha acontecido; neste caso, ainda nem sequer é possível saber quantas pessoas estão à espera de um barco para serem salvas, em árvores e telhados de casas, e quantos corpos ficaram para trás em automóveis apanhados pelas cheias.

Dan Diaz foi um dos que conseguiram escapar – ele e a namorada foram encurralados pela enxurrada quando estavam em casa, construída nove metros acima do rio Buffalo, numa zona mais afastada de Houston. De um lado, a água que transbordara do rio; do outro, uma estrada com 30 quilómetros completamente inundada. “Eu costumava preocupar-me com os incêndios. Nunca vi nada como isto”, disse Dan Diaz.

Os meteorologistas estimam que o Harvey vai continuar a fazer o seu caminho em direcção a Noroeste, o que pode significar que vai poupar Nova Orleães – uma cidade marcada para sempre pela devastação do furacão Katrina, em 2005, que fez entre 1300 e 1800 mortos.

“Até ao fim da semana vamos continuar a assistir a inundações catastróficas e potencialmente mortais em Houston e nas redondezas, e também mais para Leste, no Sudoeste do Louisiana”, avisou o serviço de meteorologia dos Estados Unidos. Depois de passar pela costa do Louisiana, a tempestade Harvey deverá subir para o interior do continente, afectando partes do Mississippi, do Tennessee e do Kentucky.

A tempestade vai perdendo força à medida que vai subindo para o interior dos Estados Unidos, mas ainda assim as autoridades temem que as inundações ponham em risco a vida de muitas pessoas no distante estado do Kentucky, a 1700 quilómetros de Corpus Christi.

A zona mais afectada é Houston, a 4.ª maior cidade dos Estados Unidos, com uma área metropolitana com seis milhões de habitantes, e casa de uma importante percentagem da indústria petrolífera norte-americana. Para além das mortes e da destruição de casas, o impacto no sector petrolífero vai ser muito forte e já está a traduzir-se num aumento dos preços. Pelo que se pode perceber até agora, segundo uma estimativa do meteorologista Jeff Lindner, de Houston, entre 25% e 30% do condado de Harris (que inclui a cidade de Houston) estava inundado na tarde de terça-feira – uma área cerca de dez vezes maior do que a cidade de Lisboa.

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