Restaurante lisboeta dos preços "estratosféricos" alvo de três inquéritos da ASAE

Dono do restaurante Made in Correeiros é um antigo carteirista da capital.

Foto
ASAE alerta para que os consumidores se mantenham “atentos à consulta dos preços dos pratos solicitados" Miguel Manso

A Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) fiscalizou por quatro vezes, entre 2016 e este ano, o restaurante de Lisboa acusado de apresentar as ementas sem preços, cobrando depois valores excessivos aos clientes. Dessas acções, foram abertos três processos que se encontram ainda em “fase de averiguação”, explicou Ana Oliveira, Inspectora-Chefe da ASAE, em resposta por escrito ao PÚBLICO. 

As críticas ao restaurante Made in Correeiros — que já teve o nome de Portugal no Prato — adensaram-se, por estes dias, em plataformas de informação turística e nas redes sociais, onde clientes denunciam “que não tiveram acesso às ementas e que foram convidados a escolher pratos que não estavam na ementa”, não tendo, por isso, acesso aos preços, detalhou Carolina Gouveia, do departamento jurídico e económico da Deco, ao PÚBLICO. No final da refeição, foram confrontados com contas “estratosféricas”. 

No último ano, a ASAE já tinha recebido cerca de uma dezena de denúncias – entre elas, da Deco – relativas ao restaurante que se situa no número 58 da Rua dos Correeiros, na Baixa de Lisboa. Em relação às irregularidades identificadas, a ASAE detalha que se tratam de “crimes por fraude sobre mercadorias” (por exemplo, anunciar polvo e servir pota) e “incumprimentos relativos aos requisitos obrigatórios na área de restauração e bebidas”.

Esta quinta-feira, o jornal online Observador avançou que o dono do restaurante seria um antigo carteirista conhecido da polícia como Xula e que, com um sócio, terá montado um esquema semelhante em três restaurantes no centro de Lisboa. Ao Made in Correeiros, juntam-se o Obrigado Lisboa e Tiagu’s, acusados de praticar o mesmo esquema: os funcionários aliciam clientes a entrar no restaurante, sugerindo-lhes depois pratos, sem que tenham acesso ao preço, conforme era descrito por vários consumidores em plataformas de informação turística e de restaurantes e bares como o TripAdvisor e o Zomato. 

José Cardoso terá ficado conhecido das autoridades, nos anos 90, com o nome de Xula, quando era suspeito de furtar carteiras no eléctrico 28 e no metro. Chegou a ser detido “várias vezes” pela polícia, adianta o Observador, mas nunca foi condenado, sendo que terá ainda um processo a decorrer contra ele nos tribunais, por furto qualificado, que data de 2006.

Até que, em 2011/2012, José Cardoso terá aberto um restaurante, que se chamava Portugal no Prato e que hoje dá pelo nome de Made in Correeiros, avança o mesmo jornal, e se terá tornado sócio de outros dois.

Quando o PÚBLICO visitou o espaço na terça-feira e questionou a gerência, esta manteve-se calada, adiantando apenas que o assunto já tinha sido remetido para um advogado.

A ASAE reforça o alerta para que os consumidores se mantenham “atentos relativamente à consulta dos preços dos pratos solicitados, devendo proceder sempre à sua consulta na ementa”.

Sugerir correcção
Ler 25 comentários