Temer envia Forças Armadas para o Rio para travar violência

Governo brasileiro manda 10 mil efectivos para as ruas e garante que o alvo é o crime organizado.

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Membros do exército brasileiro já são visíveis no centro do Rio de Janeiro LUSA/Marcelo Sayao

"Os homens do Exército já estão circulando nas ruas do Rio [de Janeiro]." É desta forma que o jornal online O Globo, do Brasil, começa a notícia do envio de 10 mil homens para as ruas, por decisão da administração de Michel Temer. O governo justifica a medida com uma tentativa de conter o aumento da criminalidade neste estado, cuja capital é a cidade com o mesmo nome.

“A medida de hoje em relação ao Rio é mais um passo no combate a essa situação que inquieta e angustia todos os brasileiros, particularmente os moradores do Rio”, destacou o próprio Presidente Temer, numa mensagem divulgada pouco depois de ter sido publicado o decreto presidencial. O governo garante, porém, que os militares não vão ocupar território e que actuarão sobretudo em acções pontuais, dentro de um prazo cujo fim não foi anunciado e que o foco dos militares será sobretudo agir para dar suporte e também recolher informações nas áreas deste estado onde a criminalidade parece ser parte do quotidiano.

“O objectivo da missão é defender a integridade da população, preservar a ordem pública e garantir o funcionamento das instituições”. E "o agravamento da situação está no centro das preocupações", diz o chefe de Estado, sobre a violência no Rio.

Em concreto, a decisão da Presidência autoriza o emprego das Forças Armadas para a "Garantia da Lei e da Ordem no Estado do Rio de Janeiro". O decreto foi publicado nesta sexta-feira, numa edição extraordinária do diário oficial do governo brasileiro, segundo relata o jornal Estadão, e dá luz verde à mobilização de 8500 militares, que se juntarão a 620 membros da Força Nacional  — uma tropa de elite do Governo Federal —, 380 da Polícia Rodoviária Federal e 740 polícias locais.

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LUSA/Marcelo Sayao

O ministro da Defesa, Raul Jungmann, surgiu ao lado de Temer no anúncio do envio de tropas. E segundo este governante, o interesse inicial das operações concentrar-se-á na região metropolitana da capital estadual, embora a medida do governo se aplique a todo o estado. "Eventualmente podem ser necessárias acções além da região metropolitana” do Rio de Janeiro, disse.

Raul Jungman também reconheceu que o reforço na segurança não dará resultados do dia para a noite, mas acrescentou que a combinação da polícia local com as forças federais irá produzir efeito a médio prazo. "Nós não vamos recuar porque estamos determinados e vamos até o fim", frisou.

Antes do decreto, já estavam na zona cerca de 200 oficiais da Força Nacional de Segurança, mas o contingente foi insuficiente para conter o aumento da criminalidade que tem assustado os moradores.

A escalada da violência no Rio de Janeiro começou em 2016 e coincidiu com uma grave crise económica, que obrigou as autoridades locais a declararem situação de calamidade financeira.

Na ocasião, foram feitos cortes profundos nos gastos, afectando até o pagamento dos salários dos polícias. Com a falta de recursos, a insegurança cresceu e houve um aumento grande de assaltos e crimes em toda a cidade. Este ano já morreram 90 polícias na capital carioca e os dados apontam para uma média de 15 tiroteios de rua por dia e um aumento em 21% dos assaltos a veículos pesados.

Segundo o jornal Estadão, nas últimas semanas, a Linha Vermelha (uma via rodoviária) foi palco de tiroteios entre policiais e criminosos, obrigando os motoristas a deixar os carros nesta via rápida.

A violência, acrescenta o mesmo jornal," também afecta a rotina das escolas na capital". "Segundo a Secretaria Municipal de Educação, somente neste ano, uma em cada quatro escolas teve de fechar ou interrompeu as aulas por causa dos tiroteios."

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