Comissão de trabalhadores da Autoeuropa aceita novo modelo laboral

Acordo que implica um sexto dia de produção em Palmela prevê medidas que representam subida de 16% no rendimento mensal.

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Fábrica da VW em Palmela comemorou 25 anos em 2016 Daniel Rocha

A comissão de trabalhadores e a Autoeuropa chegaram a um entendimento sobre as medidas de compensação ligadas ao novo regime de trabalho que irá entrar em vigor em 2018 por causa da fabricação do novo modelo automóvel, o T-Roc (um veículo utilitário desportivo). Este implica um sexto dia de produção fabril, estimando a empresa que no ano que vem sejam montados mais de 200 mil veículos, “quase triplicando” os números de 2016.

Segundo o comunicado divulgado pela fábrica do grupo Volkswagen em Palmela, o acordo de princípio (vai ainda a votação dos trabalhadores no dia 28, sexta-feira) prevê “um pagamento mensal de 175 euros adicional ao que está previsto na lei, 25% de subsídio de turno e a atribuição de um dia adicional de férias”. Isto, diz a empresa, representa “um incremento mínimo de 16% no rendimento mensal dos colaboradores abrangidos” pelo novo modelo de trabalho.

De acordo com os dados da Autoeuropa, um dos maiores exportadores em Portugal, dos perto de 2000 trabalhadores cuja contratação está prevista, 750 serão para implementar mais um dia de produção.

A fábrica de Palmela (Setúbal) terá assim seis dias de produção, com três turnos diários de segunda a sábado, “uma folga fixa ao domingo e outra rotativa ao longo da semana”. Segundo o comunicado da empresa do grupo alemão, “esta organização do trabalho reduz as horas trabalhadas por colaborador, visto que a média de horas de trabalho semanal é inferior a 40 horas”.  

Em Dezembro do ano passado, a Autoeuropa comemorou os seus 25 anos de existência (a produção começou em 1995), numa cerimónia que contou com a presença do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, do primeiro-ministro, António Costa, e de vários responsáveis do grupo alemão. Abalada pela escândalo da manipulação das emissões em veículos a diesel, a VW, através de um dos seus administradores, Thomas Ulbrich, sublinhou  que o novo modelo “faz parte da estratégia de recuperação” da empresa. "Com o novo automóvel que vão produzir farão parte desta ofensiva que são os SUV. Os próximos tempos não serão fáceis mas apostamos aqui na Autoeuropa", disse.

A unidade de Palmela, que emprega actualmente mais de quatro mil pessoas (eram 3295 em 2016), é a maior do sector automóvel em Portugal, produzindo cerca de 90% do total de ligeiros de passageiros. Vale perto 1% da riqueza económica do país, segundo dados de 2015 (em 1998 chegou a contribuir para 2,2% do PIB). Em 2016, a fábrica produziu 85.126 unidades, menos 17% face a 2015, revelando-se o pior ano deste indicador desde 2006.

Veículos produzidos até agora na fábrica de Palmela:

- VW Scirocco

- VW Sharan

- Seat Alhambra

- VW Eos (até Junho de 2015)

- Ford Galaxy (até 2006)

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