Soros acusa Orbán de anti-semitismo

Foram colocados, por toda a Hungria, cartazes com o rosto sorridente do multimilionário. "Não deixe que Soros tenha o último sorriso" e "99% rejeita a imigração ilegal", lê-se.

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Reuters

Foram colocados cartazes um pouco por toda a Hungria a atacar o investidor George Soros, numa medida que é considerada mais uma etapa da campanha de difamação por parte do Governo húngaro de Viktor Orbán. O milionário já reagiu e denunciou a utilização de “imagens anti-semitas como parte de uma campanha deliberada de desinformação”.

Os cartazes mostram uma imagem de Soros sorridente com a legenda: “Não deixe que Soros tenha o último sorriso”. Em letras mais pequenas, colocada no topo, escreve-se que “99% rejeitam a imigração ilegal”.

O Governo já rejeitou todas as acusações de anti-semitismo, dá conta a BBC.

O Governo húngaro desembolsou cerca de 19 milhões de euros numa campanha para promover um sentimento nacional contra a entrada de refugiados e a imigração ilegal.

O slogan utilizado contra Soros refere-se à alegação do Executivo de que Soros pretende colocar até um milhão de imigrantes na União Europeia.

Num comunicado, o multimilionário que vive nos EUA diz que está “angustiado pela actual utilização do regime húngaro de imagens anti-semitas como parte da sua deliberada campanha de desinformação”, cita a BBC. “Do mesmo modo estou entusiasmado por, juntamente com incontáveis compatriotas, a liderança judaica húngara ter reagido contra a campanha”. Foram vários os responsáveis judeus da Hungria que expressaram o seu receio de que esta campanha esteja a ser motivada pelo anti-semitismo.

Em alguns dos referidos cartazes foram pintadas frases anti-semitas, como por exemplo uma em que lê “porco judeu” escrito na cara de Soros, de acordo com uma fotografia publicada pela BBC.

Também Guy Verhofstadt, deputado europeu e principal negociador do Parlamento Europeu no processo do “Brexit”, utilizou o Facebook para atacar Orbán: “Eu comparei a estratégia política de Orbán com o passado comunista, mas agora o Governo húngaro até está a usar propaganda nazi para destruir os seus oponentes políticos”. “A xenofobia e a demonização dos refugiados do regime húngaro são antieuropeias. A alegação de que Soros está a promover um esquema para importar um milhões de imigrantes ilegais para a Europa é uma fantasia de Viktor Orbán. A escuridão está a cair na Hungria. Não podemos deixar que isto aconteça”.

Este conflito aberto entre o Governo húngaro e Soros, que sempre foi crítico de Orbán, registou o seu ponto de maior tensão desde que foi aprovada uma lei, em Abril deste ano, que abriu caminho para o encerramento da Central European University, uma das mais prestigiadas instituições universitárias da Hungria e fundada pelo magnata.

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