Hospital britânico abre porta a tratamento experimental de bebé de 11 meses

O hospital Great Ormond Street pediu uma audição em tribunal para ter poder experimentar novo medicamento no tratamento de Charlie Gard.

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Há apenas 16 pessoas no mundo com a mesma doença de Charlie PAULO PIMENTA

Os médicos do hospital britânico responsável pelo tratamento de Charlie Gard, um bebé de 11 meses com uma doença que afecta a capacidade das células para gerarem energia, conduzindo a danos cerebrais, pedem esta sexta-feira para ser novamente ouvido em tribunal. O porta-voz do hospital inglês explica à BBC que existem “novas provas em relação a um potencial tratamento adequado à condição do bebé”.

Sete médicos especialistas escreveram uma carta ao hospital em que dão conta de dados científicos ainda não testados nem publicados que sugerem uma possibilidade de cura para os danos cerebrais do bebé.

O caso de Charlie será ouvido por um juiz na próxima segunda-feira às 14h, de acordo com uma listagem publicada pelo Alto Tribunal de Justiça do Reino Unido. Anteriormente, o tribunal tinha afirmado que era improvável que os médicos norte-americanos que se ofereceram para tratar Charlie conseguissem uma cura para o bebé.

Um porta-voz do hospital afirma à BBC que surgiram novidades de um tratamento experimental que poderá ser aplicado a Charlie. "Dois hospitais internacionais e os respectivos investigadores comunicaram ao hospital, nas últimas 24 horas, que têm novidades sobre o tratamento experimental proposto”, declara o porta-voz. 

"Nós acreditamos, tal como os pais de Charlie, que é correcto explorarmos essa possibilidade de tratamento. O hospital Great Ormond Street Hospital (GOSH) está a dar a possibilidade ao Alto Tribunal de Justiça de avaliar objectivamente as reivindicações das novas provas provenientes de estudos recentes”, diz o porta-voz do hospital.

Depois de o tribunal britânico ter negado a Chris Gard e a Connie Yeates o pedido para levarem aos EUA o filho, Charlie Gard, para um tratamento experimental, o Tribunal Europeu de Direitos Humanos repetiu a sentença no passado mês de Junho e rejeitou o recurso dos pais do bebé.

Depois de uma dura batalha legal que obrigou os pais do bebé de 11 meses a baixar os braços, também um hospital norte-americano se ofereceu para enviar um medicamento experimental para Inglaterra, na esperança de ajudar no tratamento da criança. 

Os pais angariaram entretanto 1,13 milhões de euros para poderem submeter Charlie a um tratamento experimental nos EUA. Alguns especialistas consideram, no entanto, que não é possível reverter a situação do bebé e que tentar fazê-lo só lhe iria causar mais dor. O Alto Tribunal de Justiça do Reino Unido e o Tribunal Europeu de Direitos Humanos são da mesma opinião.

Os progenitores têm estado no centro de uma batalha jurídica que iniciou em Abril e que terminou na semana passada, com o aval para que fossem desligadas as máquinas. No entanto, de acordo com o Guardian, o hospital decidiu dar à família mais algum tempo com o filho. Entretanto, os cuidados paliativos continuam, de forma a “permitir a Charlie morrer com dignidade”.

O Presidente dos EUA, Donald Trump, e o Papa Francisco já ofereceram a sua ajuda. “O Papa Francisco segue com afecto e comoção a situação do pequeno Charlie Gard e exprime a sua proximidade aos pais. Por eles reza, esperando que não se ignore o seu desejo de acompanhar e cuidar do seu filho até ao final“, lê-se num comunicado do Vaticano, partilhado este domingo.

Síndrome de depleção mitocondrial. No mundo, há apenas 16 pessoas diagnosticadas com esta doença. Charlie é uma delas. A doença afecta a capacidade das células para gerarem energia, conduzindo à falta de auto-suficiência motora e a danos cerebrais.

A criança, internada no hospital britânico Great Ormond Street, em Londres, já apenas sobrevive através de respiração e alimentação assistidas, sem quaisquer capacidades motoras, visão e audição.

Chris Gard e Connie Yates declararam anteriormente que, caso não conseguissem permissão para submeter o filho ao tratamento experimental nos EUA, iriam utilizar o dinheiro angariado na criação de um fundo para investigação da doença.

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