#costabem, #costamal

Chegou a hora de o primeiro-ministro falar ao país e dar garantias de que todos os meios de alerta, prevenção e coordenação de meios estão accionados.

1. Costa bem, porque é fundamental o princípio da transparência. Porque preferimos que o primeiro-ministro não esconda o que se passou naquela tragédia e nos dê conta das respostas que os organismos do Estado lhe estão a dar.

2. Costa bem, porque "não calar ninguém nem esconder o que dizem", como disse o primeiro-ministro, é também uma forma de responsabilizar os serviços do Estado pelo que dizem e pelo que fizeram.

3. Costa bem, também, quando diz que "ninguém quer respostas precipitadas". E quando diz preferir "aguardar para ter a certeza do que digo do que dizer algo que não possa amanhã confirmar".

4. Costa bem, por fim, quando explica a Jerónimo de Sousa que lhe cabe estreitar a margem que separa os partidos, depois do que se passou. As políticas de protecção civil e de protecção das florestas são políticas de segurança nacional, antes mesmo de a segunda ser também uma política económica. E as políticas de segurança constroem-se, afinam-se com o tempo. Não se destroem nem se revolucionam.

5. Costa mal, porém, quando, dez dias depois de uma tragédia deste tipo, continua a pedir explicações aos poucos, e a pedi-las aos serviços públicos em comunicados intermitentes.

6. Costa mal, quando pede à Inspecção-Geral da Administração Interna que faça uma auditoria à Secretaria Geral da Administração Interna (quando uma depende da outra e a última depende da ministra). Se é para questionar alguém sobre o SIRESP, podia começar pela ministra, perguntando se deu ordem para executar as recomendações da KPMG de 2014 para melhorar o sistema ou se aceitou as sugestões do próprio SIRESP, depois dos incêndios do ano passado. Deu?

7. Costa mal, sobretudo, porque a um primeiro-ministro cumpre dar garantias. Chegou a hora de o primeiro-ministro chamar os responsáveis a São Bento, acertar agulhas e ver o que falta. E de falar ao país, dando garantias de que todos os meios de alerta, prevenção, primeira reacção, coordenação de meios e protecção das pessoas estão accionados — e reforçados. De nos dar a confiança de que não vamos ter Pedrógão outra vez.

Sim, o primeiro-ministro tem razão: ninguém quer respostas precipitadas. Não, o primeiro-ministro não tem razão se achar que dá segurança ter um líder impávido perante o passa-culpas a que estamos a assistir. Basta perguntar assim: se estes senhores não se entendem sobre o que aconteceu, se este processo só os está a afastar mais, como é que se vão entender no terreno quando os fogos voltarem?

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