Incêndio no Sul de Espanha levou à retirada de 2000 pessoas de suas casas

Autoridades acreditam que o sinistro na região de Huelva, que já penetraram no parque natural de Doñana, tenha por trás a mão humana – seja por negligência, seja por crime. O fogo, combatido por mais de 500 operacionais, levou ao encerramento de estradas, isolando mais de 50 mil pessoas.

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O fogo está a ser combatido por mais de 500 operacionais. Entretanto, as autoridades autorizaram o regresso dos desalojados a casa LUSA/EFE TV
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Mais de 2000 pessoas foram desalojadas preventivamente na madrugada deste domingo devido a um incêndio florestal em Moguer, Huelva (Sul de Espanha), perto do parque natural de Doñana, num balanço actualizado pelo Governo espanhol ao final da manhã.

Inicialmente, o primeiro balanço indicava a retirada de 400 pessoas das zonas afectadas pelo incêndio, que está a queimar uma zona de pinheiros e area agrícola de Moguer, na área natural de protecção envolvente do Parque Nacional de Doñana.

O alerta para o incêndio foi dado às 21h30 locais de sábado (20h30 em Lisboa) e a gravidade do fogo levou à activação, no início da madrugada, do nível 1 do Plano de Emergência de incêndios florestais. A mudança dos ventos durante a tarde não está a ser favorável ao combate às chamas. "Há um vendaval", disse por telefone ao El Pais, a partir do local, Juanjo Carmona, da organização de defesa do ambiente WWF, sem que quase fosse possível perceber as suas palavras, por causa do vento.

Só do parque de campismo de Doñana foram retiradas 1500 pessoas, a que há a somar cerca de 600 pessoas retiradas de outras infra-estruturas, informou o delegado do Governo na Andaluzia, Antonio Sanz. O parque de Doñana foi declarado Património da Humanidade pela UNESCO.

De acordo com o Serviço de emergência 112 Andaluzia, citado pelo jornal espanhol El País, o fogo levou à retirada dos turistas que estavam hospedados num hotel e em dois parques de campismo, de habitantes e da base militar de Arenosilla. Além das pessoas retiradas pelas autoridades, centenas de habitantes deixaram as suas casas em Mazagón pela sua própria iniciativa, para se alojarem em casas de familiares na região, acrescentou o diário.

As autoridades autorizaram, entretanto, o regresso a casa das pessoas que foram desalojadas de um hotel e de casas na zona conhecida como Bonares, em Mazagón. A maioria dos desalojados passou a noite em dois pavilhões desportivos em Mazagón e Moguer e hotéis da zona de Matalascañas.

Fontes do dispositivo para a prevenção e extinção de incêndios florestais da Andaluzia revelaram ao El País que a localidade de Mazagón “praticamente se esvaziou de gente” e o conselheiro do Meio Ambiente e Ordenamento do Território para a Andaluzia, José Fiscal, assinalou que “tudo aponta que a mão humana esteja por detrás” do incêndio, seja por negligência ou pela intenção expressa de fazer mal. "Ontem à noite não se detectou nenhum raio na zona", acrescentou. Ainda assim, está a investigar a zona. 

O incêndio implicou o corte de vias de trânsito e, de acordo com a agência EFE, estava a ser combatido ao início da tarde por 260 operacionais, ajudados por mais de duas dezenas de veículos e 20 meios aéreos.

Estradas cortadas e 50 mil pessoas isoladas

Cerca de 50 mil pessoas ficaram isoladas na localidade de Matalascañas por causa do incêndio que obrigou ao corte de várias estradas, segundo autoridades espanholas citadas pelos meios de comunicação social locais. O fogo está a ser combatido por mais de 550 operacionais, apoiados por mais de duas dezenas de veículos e cerca de 25 meios aéreos.

Segundo fontes dos municípios afectados, citadas pelo jornal El País, foram cortadas três estradas, entre elas a A-494 e A-483, que ligam a Matalascañas, uma estância no coração do núcleo turístico no Parque Nacional de Doñana, deixando 50.000 pessoas dependentes da reabertura, mas com as autoridades a assegurar que não correm risco.

A conselheira de justiça e do interior da Junta de Andalucía, Rosa Aguilar, apelou à tranquilidade das populações que aguardam a reabertura das estradas. Na zona está um contingente de cerca de 80 guardas civis que estão a gerir o trânsito e a prestar auxilio às cerca de 2000 pessoas que ficaram desalojadas na sequência do fogo (sobretudo de alojamentos turísticos).

Também a praia de Matalascañas está temporariamente isolada, à espera que o incêndio dê uma trégua aos milhares de turistas que "aguardam indicações para pegar nos carros, sem saber para onde ir".

"Matalascañas só tem duas vias de acesso, a estrada que une com Mazagón, que está cortada desde cedo, e que leva a Rocío e a Almonte, onde se apanha a auto-estrada que leva a Sevilha. Não há por onde sair", explicou à agência de notícias espanhola EFE Gregorio Corbalán, habitante do município. Esta estância balnear hospeda frequentemente milhares de visitantes de cidades vizinhas, especialmente de Sevilha, que passam o fim-de-semana em hotéis ou a acampar na área.

De acordo com a EFE, da praia não se vê o incêndio, apenas os aviões bombardeiros que recolhem água do mar. "Disseram-nos que é muito difícil que o fogo chegue até aqui, embora o acampamento de Mazagn, que é a dez quilómetros tenha sido completamente queimado", observou um outro visitante citado pela EFE.

A presidente da Junta de Andalucia, Susana Díaz, já agradeceu na rede social Twitter à população de Matalascañas a sua colaboração "facilitando o trabalho dos operacionais contra o incêndio em torno [do parque] de Doñana".

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