Um activista detido e dois desaparecidos após investigação a fornecedor da marca de Ivanka Trump

Grupo investigava condições laborais numa fábrica chinesa de calçado que fornece a marca da filha de Donald Trump.

Foto
A unidade Huajian fabricava calçado para Ivanka Trump há quase uma década Reuters/CARLOS BARRIA

Um activista da organização não-governamental China Labor Watch (CLW) que investigava, infiltrado, as condições laborais de uma fábrica de sapatos na China, foi detido pelas autoridades de Pequim. Outros dois estão desaparecidos, noticia o Independent. A unidade em causa produzia a maioria do calçado vendido sobre a marca detida por Ivanka Trump, filha do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A fábrica também abastecia as marcas de Karl Lagerfeld e de Kendal e Kylie Jenner, do clã Kardashian.

Com sede em Nova Iorque, a organização a que pertenciam os activistas investigava a Huajian depois de ter acumulado denúncias de más condições laborais. Hua Haifeng e Li Zhao analisavam relatórios sobre as más condições da fábrica. Uma terceira investigadora, Su Heng, trabalhava infiltrada na unidade da Huajian.

Hua Haifeng, que dava a cara pelo grupo de investigadores, foi detido sob suspeita de espionagem, contou a esposa, Deng Guimian, na terça-feira. Os outros dois funcionários do grupo foram vistos pela última vez em Ganzhou, uma cidade no sul da província chinesa de Jiangxi Province, onde se localiza a fábrica.

A esposa de Hua, Deng Guilian, disse que não falava com o marido desde domingo, mas recebeu uma chamada das autoridades chinesas na segunda-feir a dar conta da sua detenção, sem acrescentar detalhes.

O grupo disse ter escrito, em Abril, uma carta endereçada à filha de Donald Trump que ainda não teve resposta. Na carta, constava um relatório de todos os problemas encontrados na fábrica, incluindo baixos salários e carga horária excessiva. De acordo com os dados enviados a Ivanka Trump, na fábrica chinesa os funcionários são obrigados a trabalhar pelo menos 12 horas por dia e seis dias por semana, com um salário mensal de cerca de 365 dólares (324 euros).

Os três membros da organização eram por sua vez alvo de uma investigação da polícia chinesa, motivo pelo qual tinham sido impedidos de abandonar o país em Abril — algo que o fundador da CLW, Li Qiang, diz ser comum, ao contrário das detenções. “Isto nunca aconteceu durante os meus 17 anos de experiência. Esta é a primeira vez. A única razão para este caso ser diferente é que estamos a falar da fábrica onde os sapatos da Ivanka Trump são feitos”, afirma.

Sugerir correcção
Ler 5 comentários