Investigadores de oito países criam novos meios de combate a cyberbullying

Guias para alunos, pais e escolas, incluindo um videojogo, são as ferramentas criadas pelo projecto para ajudar a combater o cyberbullying.

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Redes sociais como o Facebook ou o Whatsapp são muitas vezes palco de casos de cyberbullying Reuters/PHIL NOBLE

Investigadores de oito países desenvolveram, no âmbito de um projecto europeu, um conjunto de ferramentas para prevenir e combater o cyberbullying (bullying que ocorre no mundo digital), anunciou hoje a Universidade de Coimbra (UC).

As novas ferramentas - guias para alunos, pais e escolas e um videojogo, já disponíveis online - resultam do projecto europeu de investigação Beat cyberbullying: Embrace safer cyberspace, que envolve especialistas de Chipre, Espanha, Itália, Noruega, Portugal, Reino Unido, República Checa e Turquia, refere uma nota da UC, enviada hoje à agência Lusa.

O cyberbullying corresponde ao uso da Internet para intimidar e hostilizar uma pessoa, difamando, insultando ou atacando covardemente.

Financiado pelo programa Erasmus+, da União Europeia, o projecto conta com a participação de Armanda Matos e de Ana Maria Seixas, ambas docentes da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da UC (FPCEUC).

Numa primeira fase do projecto, realizado nos últimos dois anos, a equipa de investigadores fez um estudo junto de crianças e adolescentes, com idades compreendidas entre os nove e os 14 anos.

"Compreender a percepção que este público-alvo tem sobre o fenómeno de cyberbullying e quais as necessidades sentidas para prevenir e lidar com a problemática" é o objectivo do projecto, explica Armanda Matos, citada pela UC.

O estudo demonstrou que "há muito trabalho a fazer para prevenir o fenómeno, nomeadamente ao nível da sensibilização das crianças e dos adolescentes para os potenciais riscos da comunicação mediada pelas tecnologias", acrescenta a especialista da UC em educação para os media.

"Os participantes no estudo revelam, por exemplo, que partilham informação privada nos seus perfis de redes sociais, e afirmam que têm necessidade de receber formação sobre as várias vertentes do problema, ou seja, receber formação, quer em termos de prevenção do cyberbullying, quer sobre o uso das tecnologias", sublinha Armanda Matos.

Por outro lado, os alunos afirmam "desconhecer se as suas escolas têm ou não medidas para prevenir e lidar com esta nova forma de violência".

Por isso, adverte Armanda Matos, "é necessário um trabalho de consciencialização contínuo porque o cyberbullying tem uma audiência muito mais ampla que o bullying tradicional, pode ocorrer 24 horas, sete dias da semana e permite o anonimato (ou a ilusão de anonimato) a quem o pratica".

Os recursos produzidos pelos investigadores dos oito países parceiros do projecto "fornecem conhecimentos básicos, conselhos práticos e orientações para ajudar alunos, pais e escolas a evitar os resultados indesejados deste fenómeno que, em Portugal, apresenta uma taxa de prevalência de 7,6% de vítimas", de acordo com um estudo anterior, realizado também pela FPCEUC, sob coordenação de João Amado.

"Nestes recursos são facultadas abordagens e estratégias para motivar e envolver os diferentes públicos no uso mais seguro da Internet e na luta contra o cyberbullying", sintetiza a docente da FPCEUC.

Os guias elaborados no âmbito do projeto estão disponíveis, em versão inglesa, no site BeCyberSafe, criado para o efeito, refere a UC, indicando que estes instrumentos podem ser obtidos gratuitamente em aqui.

O videojogo, destinado a um público mais jovem, está disponível em várias línguas, incluindo português.

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